Relegada pelo governo de Michel Temer (MDB), a Bacia de Campos, no Norte Fluminense, é responsável por um dos grandes momentos na história da Petrobras, quando entre as décadas de 1970 e 1980 proporcionou o crescimento da empresa e gerou grande número de empregos. Em um segundo grande momento, já mais recentemente, foi também ali que ocorreram descobertas do pré-sal.
Essa história é contada pelo coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), Tezeu Bezerra. “Não há alternativa, a não ser investir e acreditar na Petrobras. Temos tecnologia e o aparato necessário. Falta vontade política do governo, que está vendendo os seus ativos mais rentáveis e esquecendo, inclusive, o papel social que a Petrobras tem e deve ter”, explica.
O petroleiro lembra que o debate voltou à tona a partir da greve dos caminhoneiros, que colocou em pauta a falta de investimentos na empresa como uma das razões para o aumento do combustível para o consumidor. “No final de 2014, a capacidade de produção nas refinarias era de 98%. Com Temer, caiu para 67%. Com a importação dos derivados, a Petrobras passou a ter menos lucro”.
Economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Iderley Colomini Neto explica que o governo vem colocando à venda os campos maduros, como o da Bacia de Campos, mas que o poder público procede de forma errada, já que estas áreas ainda são altamente produtivas.
“A gestão de Pedro Parente, com Temer, na Petrobras, modificou a estratégia da empresa e se voltou para os grandes interesses internacionais e para o mercado financeiro. Os campos maduros estão em produção decrescente, mas são produtivos e tem alta rentabilidade de produção. Por isso, não podem ser colocados à venda”, analisa o técnico do Dieese.
O desmantelamento da Petrobras no Brasil, e especificamente no Norte Fluminense, gera um efeito em cadeia que atinge em cheio uma série de empregos, carreiras e a economia do país. Colombini cita, como exemplo, a política de conteúdo local que foi deixada de lado por Temer.
“Com Lula e Dilma, havia a exigência de um mínimo de conteúdo local e isso propiciava tanto o desenvolvimento de uma produção com maior teor de inovação tecnológica e conhecimento, como trazia investimentos principalmente para as regiões produtoras. Com Temer, a Petrobras compra máquinas e equipamentos no exterior e ainda passa a gerar empregos e conhecimento fora do Brasil”, critica o economista.
Edição: Mariana Pitasse