A semana de 23 a 27 de julho está sendo marcada pela presença do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) em toda a Paraíba. A capital, João Pessoa, recebeu centenas de trabalhadores da agricultura familiar, na madrugada do dia 23 de julho, que ocuparam o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Além dessa ação, cerca de 150 famílias reocuparam, na manhã do dia 24 de julho, duas fazendas improdutivas de propriedade do senador Zé Maranhão (MDB-PB) e do deputado federal Benjamim Maranhão (Solidariedade-PB), denominadas de Fazenda Volta e localizadas no município de Tacima, que somadas tem mais de 3 mil hectares de terras. Estas movimentações fazem parte da Jornada de Lutas por terra Reforma Agrária e Justiça, que acontece em todo o território nacional.
Com uma pauta extensa e que data desde o ano passado, ela apresenta diversas reivindicações que constatam o estado de paralisia da Reforma Agrária brasileira. Na Paraíba não é diferente. “Hoje existem 54 acampamentos em diversas regiões paraibanas e a obtenção de terras parou, como ficam a situação dessas famílias com este governo que deu as costas ao povo? Temos hoje aqui 500 famílias de todas as 8 brigadas da Paraíba, do litoral ao alto sertão e estão aqui representantes de todas essas regiões ”, questiona Paulo Sérgio, dirigente do MST da Paraíba.
“Saímos em Marcha em direção ao Incra, caminhando mais de 15 Km, mostrando a população de João Pessoa que a gente está em luta e está em movimento e com alguns pontos de pautas de Brasil como a luta contra a judicialização da política porque a Democracia Brasileira foi sequestrada desde que se iniciou o golpe culminando com a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva e a pauta Lula Livre é primordial nesta jornada de lutas. “, explicou Eva Vilma da direção estadual do MST da Paraíba.
A pauta de reivindicações envolve questões gerais, em nível do Brasil, e específicas do estado da Paraíba. Entre elas estão a cobrança pelo assentamento imediato de mais de 150.000 famílias sem terras em todo o Brasil, o avanço da Reforma Agrária, tanto do ponto de vista da habitação rural como da produção. Além da denúncia do desmonte dos programas de comercialização, principalmente o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que eram responsáveis pelo escoamento da produção das áreas de assentamentos para a comercialização.
“Denunciamos também a falta de crédito, queremos o Pronera de volta e também denunciamos o pacote de veneno de Temer, que pretende com maior rapidez colocar substâncias ilegais na nossa mesa e por isso a nossa luta é por alimentos saudáveis e sem agrotóxicos. Especificamente na Paraíba, em abril estivemos aqui com essa mesma pauta com esta casa, para debater questão de obtenção de terra, desapropriação, crédito, escolas, acampamentos em período de vistoria, e infelizmente nada andou. “, completou Eva Vilma.
Os trabalhadores sem terra com esta ação marcam também seu dia, que é 25 de julho. Eles solicitam uma audiência com o superintendente do Incra da Paraíba para discutir as questões de Reforma Agrária. A previsão da ocupação do Incra é ficar até sexta, no entanto esse quadro pode mudar a depender da conjuntura. Na sexta-feira (27/07), o MST dará um exemplo de solidariedade aos habitantes da cidade, os trabalhadores e trabalhadoras vão distribuir cerca de 6 toneladas de alimentos sem agrotóxico para a população do centro de João Pessoa, chamando a atenção para que as pessoas consigam visualizar que a Reforma Agrária é a solução, que ela tem importância e que a terra tem que estar nas mãos de quem realmente produz.
Durante esta semana, o MST também está se preparando dentro das ações da Frente Brasil Popular para o dia 10 de agosto, o Dia do Basta, convidando a população de João Pessoa para darem seu basta no dia 10 também.
“O dia 10 é bastante importante para o MST. Estamos preparando uma Marcha Nacional que sai de Goiânia para Brasília, com 5.000 marchantes para chegar dia 15 de agosto em Brasília. Essa paralisação dia 10 juntamente com a Marcha podem dar um impacto muito grande e tentar contribuir com outras forças do povo para que possamos dar realmente um basta a retirada de direitos.”, explicou Sérgio do MST.
O dia 10 de agosto também será marcado pela denúncia da paralisação da reforma agrária, da falta de obtenção de terras para assentar cerca de 80.000 famílias que esperam por terras e que estão localizados principalmente no Nordeste, e também pelo direito de Lula ser candidato e consiga registrar a sua candidatura.
Edição: Homero Baco