Entre idas e vindas, o sambista Martinho da Vila garante que não desistiu e continua tentando visitar o amigo e ex-presidente Lula, que está detido há mais de três meses na sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná.
“Está sendo uma confusão danada, mas eu ainda vou lá. Vou conseguir”, disse em entrevista ao Brasil de Fato, pouco antes de iniciar o show de abertura do 2º Festival Internacional da Utopia, nesta quinta-feira (19), na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro.
Martinho teve pedido de visita a Lula negado pela juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal da capital paranaense, no final do mês de abril. De acordo com a magistrada, a solicitação do cantor nem sequer chegou a ser analisada porque foi encaminhada por e-mail e não via petição, conforme exige o protocolo.
“Teve uma confusão, eu liguei para lá, queria falar com ela sobre a visita ao Lula. A moça que me atendeu botou no ar, pediu para eu mandar um e-mail direto para o e-mail dela [juíza]. Depois recebi uma resposta falando que aquela altura não era possível e ficou naquele vai e vem. Em seguida, passaram para Polícia Federal, liguei para lá, eles autorizaram, ai comprei passagem, reservei hotel e desmarcaram de última hora”, explicou.
A última vez que Martinho falou com Lula foi quando o ex-presidente estava no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), horas antes de se entregar à Polícia Federal. Eles se falaram por telefone, já que o cantor mora no Rio de Janeiro. Martinho e Lula são amigos pessoais.
UTOPIA
Ainda durante entrevista ao Brasil de Fato, Martinho da Vila saudou o Festival Internacional da Utopia e destacou o papel transformador da música e da arte como elementos essenciais para fortalecer a luta e a resistência.
“A luta não é uma utopia, é uma realidade. Todas as transformações que aconteceram no mundo só foram legítimas quando tinha música junto. E, não eram músicas feitas para o movimento, eram músicas feitas pelo povo e usadas nos movimentos. Sempre na história é isso”, acrescentou.
Para Martinho, por isso, é importante que se realize um festival em que se possa discutir as utopias, ainda mais diante do atual cenário político do país.
“A utopia é um sonho, e esse festival é da utopia. Aqui tem debate, tem conversa, tem música, tudo para que as pessoas meditarem, mas no duro, não é uma utopia, é uma realidade. E eu estou aqui abrindo esse festival, feliz da vida”, concluiu o sambista, que tem 80 anos de idade e começou a carreira em 1967.
Edição: Juca Guimarães