O II Festival Internacional da Utopia começou nesta quinta-feira (19), na cidade de Maricá (RJ), contando com diversas atividades culturais, gastronômicas e políticas, com o objetivo de debater novas possibilidades democráticas para o país. O Brasil de Fato visitou alguns desses espaços e conversou com algumas das pessoas por trás da organização do Festival.
É o caso da jovem agricultora Alaysa, moradora de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Espírito Santo. Sua família está marcando presença na Feira da Reforma Agrária e Economia Solidária, montada na Praça Central da cidade ao longo dos próximos dias, trazendo produtos de diversos assentamentos da região sul e sudeste do país. Na sua barraca, Alaysa expõe, principalmente, doces produzidos no assentamento em que mora.
“Aqui temos variedades diferentes de geléias, por exemplo. Isso mostra a luta de todos os nosso trabalhadores, porque nunca foi fácil conquistar uma terra, e muito menos, produzir nela. Então precisamos de muita luta e esperança para produzir. Esse festival é a oportunidade de mostrar ainda mais para a cidade os produtos do campo, produzimos diversas culturas, saudáveis e maravilhosas”, afirmou.
O público do Festival Utopia pode encontrar, na Feira da Reforma Agrária, diversos outros alimentos orgânicos, como arroz, sucos, mel, verduras e, inclusive, mudas. E para não passar vontade, e provar um pouco da gastronomia de diferentes estados, o festival conta também com o espaço Culinária da Terra, com tendas de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
A agricultora Luciene Matias de Oliveira, do acampamento Índio Gaudino, no Espírito Santo, é uma das responsáveis por esse espaço.
“Ficaremos aqui até o domingo, expondo nossos produtos. 00:50 Fazemos a moqueca capixaba, que trouxemos para cá, e os acompanhamentos de pirão, arroz e banana da terra. Em maio deste ano já levamos nossa produção para a Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo, e agora em setembro estaremos em Vitória (ES). Assim seguimos, expondo nossos produtos país afora” contou.
Para além da gastronomia, o Festival da Utopia traz espaços de cultura como a Feira Literária Paulo Freire, também situada na Praça Central. O espaço é organizado pela Editora Expressão Popular e já foi bastante visitado neste primeiro dia de festival, como conta o coordenador do espaço, Fábio Ricardo.
“Nesse ano o festival está muito bonito, tudo agrupado. São 7.500 livros e aproximadamente 2 mil títulos, de 25 editoras diferentes, com 15% de desconto.Temos títulos da área de sociologia, história, filosofia, e principalmente, livros da Expressão Popular, que durante o Festival estarão com 20% de desconto”, explicou.
O Festival da Utopia conta também com o Acampamento da Juventude, que reúne mil jovens de diferentes estados do país no bairro de São José do Imbassaí, trazendo uma programação própria de debates e shows. De acordo com Yeza Aguiar, presidenta da União Maricaense dos Estudantes e uma das coordenadoras do acampamento, ele foi pensado como uma ferramenta de organização da juventude em torno das questões debatidas ao longo do Festival.
"Estaremos debatendo diversos temas, como o genocídio da juventude negra, as drogas lícitas e ilícitas, as novas formas de fazer política. Queremos levar um pouco do que fazemos aqui em Maricá. Ao longo desses quatro dias. Estaremos discutindo ideologicamente o rumo do nosso país e da juventude periférica, e formas de organizar o povo para encontrar saídas e enfrentar esse momento político", afirmou.
Edição: Mariana Pitasse