Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha nesta sexta-feira (22) revelou que a maioria da população acredita que o pré-candidato a presidente pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, é o mais preparado para retomar o crescimento da economia brasileira.
Lula foi citado como melhor candidato para resolver a crise por 35% dos entrevistados na média nacional; mas no Nordeste, por exemplo, o ex-presidente é visto por 51% dos entrevistados como a solução para a crise econômica.
Embora a publicação atribua o resultado a uma relação direta com as pesquisas de intenção de voto, os dados econômicos do período em que o país foi governado pelo ex-presidente Lula podem ajudar a explicar os números.
Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos), o desemprego passou de 10,5% em 2002, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deixou o poder, para 5,3% em 2010, ano em que Lula deixou o governo com altos índices de aprovação popular.
No mesmo sentido, o aumento real do salário mínimo chegou aos 13% em 2006, no fim do primeiro mandato de Lula. Em 2018, pela primeira vez na última década, o reajuste do salário mínimo foi de 0,25% negativos. Para o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a percepção popular é um dos mais importantes termômetros para medir o funcionamento da economia.
“Quem acompanhou os programas Luz Para Todos, ou o programa das cisternas, a transposição do Rio São Francisco e sobretudo o Bolsa Família e o reajuste do salário mínimo, que afetava o recebimento dos benefícios da Previdência, tudo isso contribuiu para uma percepção de que a vida havia melhorado. E essa percepção era verdadeira, correspondia a uma melhora substancial e muito impressionante da condição de vida das pessoas”.
Para além das políticas sociais que impactaram positivamente a vida dos trabalhadores brasileiros, em relação à saúde da economia brasileira, as reservas internacionais do país passaram de 37 bilhões de dólares para mais de 375 bilhões em 2013, ainda durante o governo petista. Beluzzo explica a importância desse tipo de acumulação, que termina sendo uma das principais garantias de liquidez da economia do país.
“A acumulação de reservas é algo importantíssimo, aliás, nesse momento, a acumulação de reservas é a garantia de que essa crise, ou esses choques que vêm da política monetária americana, e que estão sendo recebidos com uma volatilidade muito grande do câmbio, com valorização, etc, com o risco de o Banco Central ceder à tentação de aumentar a taxa de juros, essas reservas são cruciais para impedir que a gente viva uma crise como a que vivemos nos anos 1980”.
Apesar de estar preso desde o dia 7 de abril em Curitiba, Lula segue sendo o candidato do PT para as eleições presidenciais. Na próxima terça-feira (26), a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá sobre um novo pedido de liberdade da defesa do ex-presidente.
Edição: Diego Sartorato