O papa Francisco denunciou nesta segunda-feira (18), durante a homilia em uma missa na Casa de Santa Marta, residência oficial do pontífice no Vaticano, a utilização de "comunicações caluniosas" para destituir instituições e pessoas e advertiu que é dessa maneira que se chega à "ditadura".
"Começa com uma mentira e, depois de ter destruído uma pessoa ou uma situação com essa calúnia, se julga e se condena. Ainda hoje, em muitos países, se usa esse método: destruir a livre comunicação", disse Francisco. Para exemplificar, o pontífice narrou a história de Nabot, de quem o rei Acab tirou a coroa através de mentiras. Segundo o Papa, esse é o modo como muitas pessoas destituem "tantos chefes de Estado e de governo".
"Por exemplo, pensemos: há uma lei da mídia, da comunicação, se cancela aquela lei; se concede todo o aparato da comunicação a uma empresa, a uma sociedade que faz calúnia, diz falsidades, enfraquece a vida democrática", disse Francisco.
"Depois vêm os juízes a julgar essas instituições enfraquecidas, essas pessoas destruídas, condenam e assim acontece uma ditadura. As ditaduras, todas, começaram assim, adulterando a comunicação, para colocá-la nas mãos de uma pessoa sem escrúpulo, de um governo sem escrúpulo", concluiu.
O Papa ainda lembrou de episódios históricos baseados na calúnia e como ela influenciou negativamente. "Pensemos, por exemplo, nas ditaduras do século passado. Pensemos nas perseguições aos judeus. Uma comunicação caluniosa contra os judeus e eles terminaram em Auschwitz", recordou.
O pontífice também condenou os "escândalos" midiáticos. "Comunicar escândalos é algo de uma sedução enorme. Seduzimos com escândalos. As boas notícias não são sedutoras. Mas um escândalo é algo como 'Você viu isso? Viu aquilo?', e não podemos continuar assim".
*Com ANSA
Edição: Opera Mundi