Temos o compromisso de pensar ações de forma intersetorial e interseccional
Por Alanna Mangueira e Ana Júlia Ribeiro*
No Brasil, mais de 2 milhões de crianças, de 5 a 17 anos são trabalhadoras. Dessas, 22 mil sofreram acidentes graves durante a realização de atividades precárias e insalubres, que inclui, entre outras, o trabalho informal urbano, o tráfico de drogas e a exploração sexual.
Os dados são do Sistema Nacional de Agravos de Notificações (SINAN) do Ministério da Saúde e referem-se ao período de 2007 a 2016.
Chamando a atenção para este grande problema mundial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) decretou o dia 12 de Junho como Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil.
O principal objetivo da data é alertar a sociedade e os governos sobre a realidade do trabalho infantil, uma prática que ainda se mantém corriqueira em diversas regiões, tanto por motivos econômicos quanto culturais.
Em razão das dificuldades econômicas, muitas crianças acabam deixando a escola para trabalhar e ajudar na renda familiar ou mesmo para cuidar dos serviços domésticos, enquanto suas mães seguem a rotina em trabalho remunerado.
Todas essas atividades podem levar ao abandono da escola, pois o rendimento dos estudantes caem e o cansaço com o trabalho deixa a escola em segundo plano.
No Brasil a exclusão escolar é preocupante. Segundo o PNAD, em 2016; 2,8 milhões de crianças e adolescentes estavam fora da escola.
Mobilização
Falar sobre trabalho infantil é falar sobre crianças e adolescentes que neste exato momento estão sendo explorados, tendo seus direitos violados e sendo impedidos de serem quem são.
Por isso, em 2018, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil tem como tema de sua campanha "Não proteger a criança é condenar o futuro”.
O Fórum também mantém uma parceria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que coordenada a “Iniciativa Global 100 milhões por 100 milhões”, pensada e lançada pelo Nobel da Paz Kailash Satyarthi, que em seus mais de 25 anos de combate ao trabalho infantil já resgatou mais de 80 mil crianças.
Temos, para além de uma luta de resgate, uma luta fundamentalmente política, que combata qualquer programa de governo que torne o Estado omisso com seus compromissos sociais para com a população brasileira, em especial, crianças e adolescentes.
Nós, que fazemos parte da mobilização 100 Milhões, sabemos que as violências não acontecem de forma isolada e nem possuem um único responsável.
Sendo assim, para tornar o Brasil mais fraterno, justo e livre das desigualdades temos o compromisso de pensar nossas ações de forma intersetorial e interseccional.
Precisamos voltar nossos olhares às pautas sociais e identitárias, dialogando com todos os setores da sociedade, mas principalmente com os movimentos populares, mobilizando as ruas e as redes.
Iniciativas como a 100 Milhões nos deixam mais próximos de um mundo sem exploração infantil. Acesse o site e vem com a gente construir esta luta!
*Alanna Mangueira e Ana Júlia Ribeiro são coordenadoras jovens da Iniciativa 100 Milhões - Brasil.
Edição: Simone Freire