Os eletricitários brasileiros declararam greve de 72h na última segunda-feira (11) em defesa da Eletrobras. O Brasil de Fato conversou com Emanoel Mendes, diretor do Sindicato dos Eletricitários e da Associação de Empregados da estatal, para entender os prejuízos da privatização do setor elétrico na vida dos brasileiros.
Brasil de Fato: Sobre essa greve de 72h que acaba nesta quarta-feira (13), quais são as expectativas, pautas e a análise que vocês têm feito?
Emanoel Mendes: A gente já tinha definido essa greve há duas semanas, deliberado com os trabalhadores. Temos uma pauta que primeiro é lutar contra a privatização da Eletrobras e, segundo, pedir a saída do presidente da empresa, o senhor Wilson Pinto. A nossa expectativa é que ela cause uma reação no Congresso Nacional, fazendo com que a base do governo, que já está fragilizada, dialogue com os trabalhadores para ver o que podemos fazer para interromper esse processo de privatização.
Com essa greve conseguimos um canal de comunicação com o presidente da Câmara dos Deputados, o [deputado federal] Rodrigo Maia (DEM). Não dá pra querer fazer a privatização de uma empresa que vale R$400 bilhões, querer vender por R$12 bilhões e em menos de 6 meses. Isso a gente não aceita. A expectativa é que a gente consiga barrar esse processo de privatização e que o senhor Wilson Pinto peça demissão da direção da Eletrobras.
Uma das estratégias da privatização é o sucateamento da estrutura das empresas públicas. Qual a situação das empresas do sistema Eletrobras?
Hoje o que está acontecendo é que o senhor Wilson Pinto tem vendido para a sociedade que a Eletrobras é ineficiente. É mentira. E uma mentira deslavada. A Eletrobrás hoje controla quase 1/3 da geração de energia elétrica desse país e não faltou energia nesses últimos anos para a sociedade brasileira. Muito pelo contrário. Todo o investimento que foi feito em geração e transmissão a Eletrobras estava fazendo sozinha ou em parceria com o setor privado.
Se as empresas do sistema Eletrobras forem privatizadas qual será o impacto na vida das pessoas?
O primeiro impacto para a sociedade é um aumento na conta de luz, já estudado inclusive pela Agência Nacional de Energia (ANEL), que regula o setor, um reajuste de aproximadamente 20% na conta de luz da população brasileira. Com as usinas, a Eletrobras vende energia para o mercado cativo a R$40 MWh. Se a empresa for privatizada, isso vai para o mercado livre que vai vender a energia para a população a R$200 MWh. Ou seja, vai ter uma diferença aí de 160%. E ai quem vai pagar essa conta? A população brasileira. Vai ao mesmo tempo aumentar o preço da energia e precarizar o serviço para a população.
Edição: Jaqueline Deister