A Universidade Federal da Bahia (UFBA) organizou, na noite desta quarta-feira (30), o evento “Crise, petróleo e complexidades”, para debater a atual conjuntura brasileira diante da greve dos caminhoneiros e petroleiros contra a alta dos preços dos combustíveis.
O debate contou com a participação de André Ghirardi, professor de economia da UFBA e assessor da Presidência da Petrobras no período de 2005 a 2015, Luiz Filgueiras, também docente da universidade, e Radiovaldo Costa, do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA). O reitor, João Carlos Salles Pires da Silva, também ocupou a mesa.
“Privatizar é atacar a soberania do país e, com todos respeito aos estudiosos e especialistas, ninguém conhece a Petrobras. Quem conhece a Petrobras é quem trabalha nela, quem a construiu. São os trabalhadores. Somos nós que sabemos da grandeza da Petrobras, que sabemos que nenhuma das outras petroleiras tem o potencial que a Petrobras tem. Isso era pra ser orgulho de todos os brasileiros”, disse Radiovaldo Costa.
O petroleiro ressaltou que é preciso defender a companhia dos ataques do governo Temer. “A Petrobras não está sendo privatizada, está sendo saqueada. É o maior saque deste país. Querem desconstruir um patrimônio de 65 anos”, denunciou.
Luiz Filgueiras falou sobre a política de preço adotada pela Petrobras e apontou as estratégias utilizadas pela direção da companhia para conseguir privatizá-la. “Um dos passos principais dessa estratégia é desativar a operação das refinarias. A política de preço está vinculada com essa questão, não podemos esquecer. A greve dos caminhoneiros é importante porque denuncia a política de Temer, que busca atender apenas aos acionistas”, ponderou. A intenção de vender refinarias localizadas no Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Pernambuco já foi sinalizada .
Outro ponto destacado pelo professor de economia da UFBA é que a política de curto prazo adotada pela companhia só favorece os especuladores do capital estrangeiro, em detrimento do desenvolvimento produtivo nacional.
Traidor
Para Radiovaldo Costa, o presidente da Petrobras é um traidor nacional. “No meio da greve, o Parente fez uma teletransmissão em inglês para acalmar investidores. Mas nós falamos português. Quem precisa de explicação é a sociedade brasileira. Nós que precisamos saber o que está acontecendo com a Petrobras”, destacou.
O debate trouxe à tona a dualidade e contradições da greve dos caminhoneiros, considerada locaute por alguns e mobilização popular por outros. Segundo Filgueiras, a mobilização tem ambas as características, mas, para ele, o que é preciso acontecer nesse momento por parte da sociedade é a defesa da soberania nacional e o apoio aos trabalhadores, acima de tudo.
Exigindo a saída de Pedro Parente, os petroleiros entraram em greve nesta quarta (30). A paralisação – que envolveu refinarias, plataformas e terminais – durará, ao menos, 72 horas. A greve é uma advertência à atual administração pela política equivocada em relação aos derivados do petróleo, exigindo o abandono da política adotada a partir de outubro de 2016 com a chegada de Pedro Parente à presidência da companhia.
Edição: Thalles Gomes