Alguns centros de votação já estavam lotados quando as urnas foram abertas, às 6h da manhã, deste domingo (20). Os venezuelanos saíram cedo de casa para exercer seu direito ao voto nas eleições presidenciais deste ano, apesar de parte da oposição fazer campanha pelo boicote eleitoral. As urnas permaneceram abertas até às 18h, horário local (19h, horário de Brasília), salvo naqueles locais onde há eleitores na fila, que esperam até o último votante finalizar sua participação para fechar, o que pode durar algumas horas. Além de presidenciais, as eleições são dos legislativos estaduais e municipais.
Uma das que chegaram bem cedo para votar foi Marianela Rojas, que votou no bairro de San Agustín, na região central da capital Caracas. “Sempre é importante votar. Quem vota é quem tem o direito de opinar, para o bem ou para o mal. Aquele que não vota não acredita no sistema democrático. E nós estamos em democracia”, disse a votante do colégio eleitoral Concepción Mariño, localizado em um distrito onde, historicamente, o chavismo tem a maioria dos votos.
Para Reinaldo Caras, eleitor do mesmo bairro, o voto dos venezuelanos neste domingo tem um papel decisivo na estabilidade política do país, por isso, ele acredita numa satisfatória participação popular. “O que vemos é uma jornada de alegria, de participação democrática, as pessoas estão nas ruas, estão participando. Nós, os venezuelanos, vamos decidir o que vai acontecer com o nosso país através do voto. O que está em jogo aqui é a paz, a paz para construir o país que nós venezuelanos queremos ter”, disse, declarando seu voto no candidato à reeleição, Nicolás Maduro.
O escritor, jornalista e intelectual espanhol Ignácio Ramonet está na Venezuela acompanhando o processo eleitoral. Na manhã deste domingo, ele concedeu uma entrevista ao Brasil de Fato, na qual destacou o caráter pacífico das eleições presidenciais. “Desde que cheguei, há três dias, o que chamou a minha atenção foi a normalidade do país. No exterior existe uma campanha midiática, que apresenta uma situação caótica, eleições que não têm o apoio da população e da oposição. Mas, quando a gente chega na Venezuela, vê outra situação. Uma população muito tranquila, participando das eleições. Não há incidentes e também não houve nenhum incidente durante a campanha eleitoral”, disse.
Ramonet destacou ainda que o nível de participação terá peso importante nessas eleições. “Na medida em que a oposição tradicional, reunida em torno da Mesa da Unidade Democrática, decidiu pelo boicote dessas eleições, o que será importante é o nível de participação da população. Outro elemento importante é a quantidade de apoio que o candidato vencedor receberá”, ressaltou.
Em sua conta do Twitter, o ex-presidente do Equador Rafael Correa, que também acompanha o processo eleitoral na Venezuela, declarou: "As eleições venezuelanas ocorreram com absoluta normalidade. Assisti a quatro colégios eleitorais. Fluxo permanente de cidadania, pouco tempo de espera para exercer o voto. Sistema muito moderno com duplo controle. Do que vi, impecável organização."
Centros opositores
A reportagem também visitou centros de votação na zona leste de Caracas, conhecida por ser de maioria opositora ao chavismo. Mesmo nesses centros, os venezuelanos decidiram participar do processo eleitoral, embora em menor quantidade. O principal candidato opositor é Henri Falcón, do partido Avançada Progressista, mas ainda há outros três candidatos.
O eleitor Armando Hernandez explica porque foi votar: “O exercício da democracia consiste precisamente em manifestar-se, independente das posições políticas que se possa ter. Acho que é um erro não participar. Até agora o Conselho Nacional Eleitoral tem demonstrado que concede o triunfo a quem realmente vença. Creio que não participar é rejeitar a democracia. Independente quem seja o seu candidato, é importante votar”.
Já a esteticista Rosa Garcia diz que vota porque quer mudanças no país. “Voto, porque sou venezuelana, amo meu país e quero uma mudança. Creio que todo venezuelano deveria votar, para tirar esse governo. Lamento pelos venezuelanos que não votam, são covardes. São pessoas que nunca saíram para manifestar ou reivindicar seus direitos”.
Assim, também opina o mecânico Antonio Souza, que afirma que não abre mão do seu direito democrático. “Votar é meu direito e dever como cidadão. Tem que votar para definir o que acontece. O dever do cidadão é votar, nesse ou naquele”.
Resultado
Como na Venezuela o sistema eleitoral é eletrônico, o resultado é apurado e informado à população no mesmo dia, semelhante ao caso brasileiro. Nos últimos processos, o Conselho Nacional Eleitoral divulgou o resultado final entre 22h e 23h, horário local (23h e 00h, horário de Brasília).
*Colaboração de reportagem: Michele de Mello.
Edição: Vivian Neves Fernandes