Em segundo lugar nas pesquisas eleitorais na Venezuela, Henri Falcón, de 56 anos, é um político de centro-direita, militar e advogado venezuelano. Ex-chavista, saiu do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) em 2010 e desde de então passou a fazer oposição ao governo do ex-presidente Hugo Chávez e ao atual mandatário, Nicolás Maduro.
Falcón foi eleito governador do estado de Lara, na região central da Venezuela, por dois mandatos seguidos entre 2008 e 2012, depois entre 2013 e 2017. Lara é um importante produtor agropecuário, um dos motores econômicos do país. Também foi prefeito da capital de Lara, Barquisimeto, por dois mandatos, entre os anos de 2000 e 2008.
Em 2012, ele fundou o partido Avançada Progressista, fruto da dissidência de organizações políticas de direita e de esquerda, entre eles o Podemos, Pátria Para Todos, Gente Emergente e o PSUV. Seu partido fazia parte da Mesa da Unidade Democrática (MUD), coalizão de partidos opositores ao governo Maduro, mas foi expulso em março, depois que anunciou que participaria das eleições presidenciais de 2018. Em 2013, teve papel central na estratégia política da oposição, como chefe do comando de campanha do ex-candidato à presidência, Henrique Capriles, do partido Primeiro Justiça, que foi o candidato único da MUD naquelas eleições.
Enfrentando a abstenção
Mas a realidade agora é outra. Dividida internamente, a oposição de direita chegou em 2018 com três derrotas eleitorais. Depois do fracasso dos diálogos de paz, as principais organizações políticas da oposição decidiram não participar das eleições. Foi nessa brecha que Falcón, representante da quarta força política da oposição venezuelana, se lançou.
Apesar de Nicolás Maduro ser um oponente de peso, os principais inimigos de Falcón são o abstencionismo e a apatia política dos eleitores opositores. De acordo com as principais empresas de pesquisa do país (Hinterlaces, ICS e Consultores 30.11,), a abstenção poderá chegar aos 40%.
Para o jornalista e apresentador de televisão Vladimir Villegas, um dos fundadores do partido Avançada Progressista, o desafio é mobilizar o voto opositor. “Se optarem por ficar em casa e desativar o poderoso instrumento do voto massivo, sem dúvida alguma haverá festa em Miraflores [Palácio Presidencial]”, escreveu Villegas em suas redes sociais na última quarta (15).
Campanha
Sua campanha tem recebido mais adesão que os atos de protesto da oposição ligada à Mesa da Unidade Democrática. Na última quarta-feira (9), essa oposição radical dos partidos Primeiro Justiça, Vontade Popular e Ação Democrática, convocou um protesto contra a eleições e contra o presidente Nicolás Maduro. Cerca de 4 mil pessoas assistiram ao ato, no município de Chacao, na grande Caracas.
Já os comícios de Henri Falcón têm atraído muitos adeptos, sobretudo no interior do país. Na cidade de Barinas, capital do estado de Barinas, ele fez um comício com cerca de 40 mil pessoas. Na cidade de Turmero, no estado de Aragua, cerca de 30 mil pessoas foram apoiá-lo, assim como em Maraicabo (Zulia). Em Guacara, no estado de Carabobo, na sexta (11), Falcón reuniu 25 mil pessoas.
Nessa quinta-feira, seu encerramento de campanha não será na capital venezuelana, como tradicionalmente fazem os candidatos à presidência. O que reforça a constatação de que sua força política vem do interior. Por conta disso, irá celebrar o último dia da campanha em seu estado natal, Lara, onde construiu sua carreira política.
Propostas
Uma de suas principais proposta de campanha é pagar os salários dos venezuelanos em moeda norte-americana, inicialmente algo em torno de 75 dólares mensais. Porém, os bens e serviços, segundo ele, continuariam sendo pagos em moeda local, o bolívar.
Para trazer esses recursos em dólares, o candidato afirma que seria necessário pedir um empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “A economia venezuelana necessita de pelo menos 30 bilhões de dólares de empréstimo do FMI para iniciar sua recuperação”, afirmou.
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Edição: Pedro Ribeiro Nogueira