Disputa

A luta travada pela comunidade de Cajueiro (MA) pelo direito de continuar existindo

Moradores enfrentam a WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais para evitar a construção de um porto privado na região

Da Pavio, especial para o Brasil de Fato |
Pesca artesanal, caça de pequenos animais, agricultura familiar e extrativismo são algumas das principais atividades econômicas de Cajueiro
Pesca artesanal, caça de pequenos animais, agricultura familiar e extrativismo são algumas das principais atividades econômicas de Cajueiro - Ingrid Barros / Pavio

Na zona rural de São Luís (MA) fica a comunidade de Cajueiro, com cerca de 500 famílias. O território é marcado por constantes conflitos: a área está cercada por fábricas de cimento, por uma usina termoelétrica, duas fábricas de fertilizantes, usinas e refinarias da Vale, cuja estrada de ferro passa ao lado. 

Em consequência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cajueiro está localizada numa das áreas mais pobres e desiguais do país e também é uma das mais poluídas - 4,5 vezes mais poluída que Cubatão (SP) nos anos 1990.

A Pavio, em especial para o Brasil de Fato, foi até a região e, neste vídeo documentário aborda a mais recente batalha dos moradores e moradoras contra a WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais - que tem como acionista majoritária a empreiteira W/Torre, a mesma que levantou o estádio Allianz Park e o complexo JK Iguatemi em São Paulo (SP) -, para evitar a construção de um porto privado em cima de áreas de mangue e da própria comunidade. 

Um dos impasses está no direito à propriedade. Apesar de a comunidade estar regularmente assentada pelo Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma), a empresa alega ser proprietária de boa parte da localidade. Os moradores de Cajueiro e o MPF alegam que o consórcio tenta driblar as legislações ambientais e de zoneamento para colocar de pé seu projeto de R$ 1,5 bilhões em parceria com o conglomerado China Communications Construction Company (CCCC).​

Foto: Ingrid Barros / Pavio.

Recentemente, a região, que vive da pesca artesanal, da caça de pequenos animais, da agricultura familiar e do extrativismo, conseguiu com a ajuda do Ministério Público Federal (MPF), suspender temporariamente as obras de implantação do terminal portuário. Mas, entre idas e vindas, a empresa começa a derrubar matas e casas, prometendo empregos e desenvolvimento local.

A reportagem entrou em contato com a WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais, mas não obteve retorno até o fechamento.

 

Edição: Simone Freire