Neste sábado (14), completa um mês da brutal execução da vereadora do PSOL, Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, no centro do Rio de Janeiro. Vários atos estão programados para acontecer em todo o país em homenagem à vereadora e sua luta por igualdade e liberdade em contraponto aos avanços antidemocráticos de setores conservadores.
A liberdade do ex-presidente Lula, que se encontra na condição de preso político em Curitiba, também integra a pauta de reivindicação dos atos. Assim como a denúncia do genocídio dos jovens negros e a intolerância religiosa no Brasil. A ampla gama de bandeiras de luta aponta para uma unidade das forças de esquerda, juntamente com a população que apoia o ideário mais progressista na política.
"O pensamento conservador tem conseguido angariar grandes vitórias que são extremamente negativas, no contexto geral, porque nós estamos diante de um fato de uma prisão política, de perseguições políticas, em que coloca mais uma vez a sociedade brasileira em xeque-mate em relação ao seu processo de construção muito recente da democracia brasileira" afirma Felipe Brito, Jornalista, mestre em políticas públicas e omorixá do Ilê Maroketu Asè Oxum.
O sábado amanhece colorindo praças, avenidas e ruas nos quatro cantos do mundo. A programação é apoiada pela família e amigos de Marielle e Anderson.
"A memória de Marielle e Anderson não vão se esvair. Não iremos nos calar, vamos continuar lutando por eles, pelas pautas que a Marielle defendia, pela justiça social, pela igualdade, por essas pessoas invisíveis que historicamente foram excluídas de espaços de poder. A ideia é que no dia 14, assim que o sol surgir a gente faça um grande amanhecer, ao longo de todo país. Já temos mais de 110 pontos em 10 países, a ideia é que o mundo amanheça por Marielle e Anderson" disse Luna Costa, assessora de comunicação de Marielle Franco.
Acontecerá também uma plenária, intitulada "Democracia, Lula Livre e nenhuma a menos! Marielle Presente!", em resistência ao golpe, pela justiça do caso Marielle e liberdade do ex-presidente Lula. A concentração do ato será em frente ao Sinttel (RJ), próximo à Avenida Maracanã, às 9h, e contará com a presença de representantes do Mandato Popular, que farão debates sobre o combate ao racismo e a intervenção federal-militar no Rio de Janeiro.
"É emblemático a maneira como se deu a apresentação do Lula, porque ele se apresentou, não foi preso. A maneira que foi construído isso, nos braços do povo, e como isso caminha para um diálogo em que a esquerda e todos os seus segmentos e diversidades de pensamento se colocam obrigatoriamente a pensar em um uma união" disse o jornalista Felipe Brito.
Em São Paulo o ato terá início às 16h, no vão livre do MASP, e está sendo organizado pela comunidade "Contra o Genocídio Negro", que atua nas campanhas #30DiasPorMarielle, #ContraIntervençãoMilitar e #PeloFimdoGenocídio que destaca o protagonismo do Movimento Negro, em união com entidades mistas e independentes.
"O caso da Marielle vai para além do nosso círculo, das nossas discussões, ele consegue atingir uma parte da sociedade que tem um pensamento conservador e que é obrigada a parar para perceber o quanto na nossa sociedade, nossas instituições estão extremamente ligadas a um processo de racismo estrutural, de um racismo histórico. E que por mais que se diga que a justiça no Brasil é cega, até a cegueira dela, no Brasil, é seletiva." completa o jornalista Felipe Brito.
Edição: Juca Guimarães