Rio de Janeiro

SAÚDE

Moradores da Ilha do Governador (RJ) exigem a reabertura da maternidade pública

A falta de atendimento básico para as gestantes na Ilha já gerou muitos transtornos e até mortes

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Ato realizado em 2017 em defesa da reabertura da maternidade pública na Ilha do Governador
Ato realizado em 2017 em defesa da reabertura da maternidade pública na Ilha do Governador - (foto: divulgação)

A única maternidade do bairro Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro, foi desativada em 2013 depois de quase 50 anos de atividade, durante a gestão de Eduardo Paes. Há cinco anos a situação para gestantes moradoras do bairro ficou insustentável devido à falta de um hospital próximo para a realização dos partos. 

Diante da gravidade do caso, moradores da região reuniram-se para denunciar o descaso e exigir a reabertura da maternidade. Maria Helena Dias tem 75 anos e há 55 mora na Ilha do Governador, ela integra, junto com outros moradores da região, o Fórum Insulano que defende pautas ligadas aos interesses coletivos do bairro. Ela conta que já moveu várias ações no Ministério Público contra o fechamento da maternidade. 

“Eu pessoalmente fui ao Ministério Público. Eu já peguei muito recorte de jornal, juntei tudo e coloquei no processo. Eu quero que tenha um fim honesto. Não pode ser o que eles (Prefeitura) estão propondo, porque a Casa de Parto não foi tirada da gente. O que nos foi tirado foi uma maternidade que funcionava muito bem”, pontua. 

Dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 212 mil pessoas moravam na Ilha do Governador. Os integrantes do Fórum Insulano alegam que a densidade populacional do bairro, que equivale a uma cidade de médio porte, já justifica a necessidade de uma maternidade. 

A falta de atendimento básico para as gestantes na Ilha já gerou muitos transtornos e até mortes. O integrante do Fórum Insulano e ecologista, Sergio Ricardo, relata que o serviço Cegonha Carioca, disponibilizado pela Prefeitura, é insuficiente para atender as demandas do bairro.  

“O Cegonha Carioca é uma ambulância. A gestante chega no hospital e a equipe chama essa ambulância para levar para fora do bairro. Primeiro, somos uma cidade média e é apenas uma ambulância no bairro. Segundo, o principal problema da Ilha é a imobilidade urbana. No horário da manhã e no final da tarde, nós temos engarrafamentos quilométricos. Se for um parto de risco, a mulher e o bebê podem falecer. O serviço é insuficiente,” destaca Ricardo. 

Por meio de nota, a assessoria da Secretaria de Saúde do Município informou que  a construção de um centro de parto natural na Ilha do Governador faz parte do plano estratégico e do Plano Plurianual para os anos de 2018-2021.  

A Secretaria afirmou ainda que as gestantes do bairro não estão desassistidas. Segundo a assessoria, a Ilha conta com uma base do Programa Cegonha Carioca, no Hospital Municipal Paulino Werneck, onde uma ambulância está permanentemente à disposição para levar as gestantes para o Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no Centro, que por enquanto é a referência para as moradoras do local. No entanto, em horário de rush o percurso, de cerca de 20 km, pode levar mais de uma hora. 

Edição: Raquel Júnia