O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com destino a Curitiba por volta das 19h deste sábado (7). Lula participou, durante a manhã, de ato ecumênico em homenagem ao aniversário da primeira dama Marisa Letícia, falecida há um ano, e em seguida fez discurso emocionado à militância em que reafirmou que se apresentaria a Polícia Federal em cumprimento ao mandado de prisão emitido pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro.
"Não adianta eles acharem que vão fazer com que eu pare, eu não pararei porque eu não sou mais um ser humano, sou uma ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês. E eu tenho certeza que companheiros como os sem-terra, o MTST, os companheiros da CUT e do movimento sindical sabem. E esta é uma prova, esta é uma prova. Eu vou cumprir o mandado e vocês vão ter de se transformar, cada um de vocês, vocês não vão se chamar chiquinho, zezinho, joãozinho, albertinho… Todos vocês, daqui pra frente, vão virar Lula e vão andar por este país fazendo o que vocês têm que fazer e é todo dia! Todo dia!", discursou Lula.
Apesar das palavras de Lula, entre as 13h, horário em que teve fim o discurso, e as 19h, quando o ex-presidente finalmente deixou o sindicato, milhares de pessoas fizeram piquete em volta do prédio para impedir a saída dos carros que levariam Lula ao aeroporto de Congonhas. Os portões do estacionamento chegaram a ser arrancados pelas pessoas, e Lula, que tentou sair pela primeira vez por volta das 15h, teve de voltar para dentro do sindicato.
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, o dirigente nacional do MST João Paulo e o deputado federal Paulo Teixeira tentaram convencer as pessoas a liberarem as saídas do sindicato, sem sucesso. Sob ameaças de intervenção da Tropa de Choque da Policia Militar, anunciada pelo secretário de segurança pública de São Paulo a uma rádio, Lula decidiu deixar o prédio a pé e caminhar através da multidão para alcançar o comboio da PF.
Lula segue para a superintendência da Polícia Federal na Lapa, zona oeste de São Paulo, e depois para o aeroporto de Congonhas, de onde vai para Curitiba. Na capital paranaense, milhares de pessoas já se reúnem do lado de fora da Superintendência da PF, onde um acampamento do MST abriga militantes de diversos movimentos sociais em vigília permanente pela liberdade do ex-presidente.
Edição: Diego Sartorato