Milhares de militantes se mantém em vigília em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo contra a prisão do ex-presidente Lula.
A mobilização começou no fim da tarde de ontem, logo após o juiz de primeira instância Sérgio Moro despachar o pedido de prisão do ex-presidente. Do lado de dentro do prédio, líderes políticos e de movimentos populares prestam apoio e solidariedade a Lula.
De acordo com dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo convocaram os militantes a resistirem e não permitirem que levem o ex-presidente. Rodrigues também orienta a intensificação das mobilizações nos estados.
“A deliberação política que as duas entidades tirou foi justamente a da resistência. Nós não aceitamos que o presidente Lula se entregue nem na cidade de São Paulo nem na cidade de Curitiba. Em torno das 16 horas o presidente Lula deve fazer um pronunciamento. Ele até agora não se decidiu, mas a sugestão dos movimentos e organizações é que ele possa permanecer com a gente aqui em vigília”
A pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, Manuela Dávila ressalta a importância da mobilização em defesa de Lula como símbolo da democracia. Ela também está na sede do Sindicado dos Metalúrgicos.
"Lula hoje é o símbolo, como foi em tantas outras ocasiões, de todas as lutas e angústias do povo brasileiro, Lula vale a luta porque ele é a defesa da democracia, Lula representa a validade ou não da Constituição Federal que foi construída em cima de muita luta, de muita tortura, de muitos corpos que tombaram durante a Ditadura Militar."
Durante a manhã desta sexta-feira (06), os militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) montaram acampamento em frente ao prédio do sindicato. O Levante Popular da Juventude, a Federação Única dos Petroleiros e partidos como o PT e o PCO também integraram a vigília.
Ainda pela manhã, o ex-presidente recebeu no segundo andar do prédio, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e Guilherme Boulos, pré-candidato à presidência da República pelo PSOL.
Na parte da tarde, o ex-presidente teve uma reunião com os advogados da defesa em sala reservada no sindicato.
Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) conta que o Congresso da entidade, que acontecia em Guararema, interior de São Paulo, foi suspenso assim que receberam a notícia do decreto de prisão. Representantes de 14 estados da Central se dirigiram à sede dos Metalúrgicos para somar força.
“Ontem, após recebermos essa notícia do decreto de prisão, nós tomamos uma decisão política imediatamente. A primeira delas foi suspender o congresso diante da gravidade do momento e da necessidade da gente resistir junto. E a segunda decisão foi: todos os delegados e delegadas presentes se dirigirem aos Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e convocar toda a militância nossa do estado de São Paulo".
O ex-presidente Lula passou a noite no sindicato. Por volta das 3 horas da manhã apareceu na janela e acenou para a militância. Depois desse horário ele se retirou para descansar e retornou às 7 horas da manhã onde permanece até o momento recebendo a solidariedade de amigos, intelectuais, juristas, líderes políticos e de movimentos sociais, entre outros.
Atos foram convocados nas principais capitais brasileiras. Acompanhe o local e horário de cada mobilização na cobertura especial minuto a minuto no site do Brasil de Fato.
*Com informações de Rute Pina e Júlia Dolce
Edição: Mauro Ramos