Cerca de 20 mil palestinos iniciaram, nesta sexta-feira (30), uma marcha de seis dias até a fronteira com Israel na Faixa de Gaza. A data escolhida para o início dos protestos marca o 42º Dia da Terra, que relembra o levante palestino contra o confisco israelense de 1976. Até o momento, ao menos 15 palestinos foram mortos e mais de 1,4 mil ficaram feridos após a repressão das forças armadas de Israel aos protestos.
A convocação da marcha de seis dias, batizada como a Marcha do Retorno, unificou diversos grupos e partidos, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP) e partidos islâmicos como o Hamas e o Movimento da Jihad Islâmica na Palestina (PIJ). O ato conjunto reivindica o direito dos refugiados palestinos a voltarem para seus territórios.
Antes mesmo do início das manifestações desta sexta, militares israelenses dispararam contra dois homens que se aproximaram da fronteira e o camponês palestino, Omar Waheed Abu Samour, de 27 anos, foi morto. Após o início da marcha, outros 14 manifestantes foram assassinados.
Durante a última semana, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) haviam afirmado que qualquer aproximação às barreiras de segurança seria considerada uma provocação e abririam fogo se houvesse tentativa de abrir a cerca da fronteira e entrar em Israel.
Os protestos devem seguir por seis semanas, até o dia 15 de maio, data conhecida como al-Nakba ("A catástrofe" em árabe). Neste mesmo dia, há 70 anos, teve início a guerra árabe-israelense de 1948, que culminou em um processo de expulsão de mais de 750 mil palestinos após a criação do Estado de Israel. Cerca de 70% da atual população de Gaza — estimada em 2 milhões de habitantes — são refugiados ou descendentes dos palestinos expulsos naquele período.
A Marcha do Retorno também ocorre no contexto da prisão da adolescente palestina Ahed Tamimi, de 17 anos. Ela está privada de liberdade desde dezembro de 2017, acusada de esbofetear e chutar um soldado israelense. Na quarta-feira (28), após um acordo judicial com a promotoria militar israelense, Tamimi foi sentenciada a oito meses de prisão.
Histórico
Em 30 de março de 1976, o governo israelense confiscou terras pertencentes a palestinos que permaneceram na região da Galileia após a criação de Israel em 1948. A área usurpada somava mais de 2 mil hectares.
Na época, o Ministério da Agricultura de Israel, em uma declaração pública, afirmou que o objetivo do confisco era alterar a demografia da região e criar uma maioria israelense no território.
A revolta contra o confisco culminou em seis mortos do lado palestino e dezenas de feridos. Desde então, o 30 de março é comemorado anualmente como o Dia da Terra, como forma de denunciar a continuidade das políticas expansionista e de colonização praticadas por Israel.
Cerca de 500 mil pessoas vivem hoje em assentamentos construídos pelo Estado de Israel nos territórios palestinos ocupados na Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Em 2016, o Conselho de Segurança das Nações Unidas considerou ilegais tais assentamentos.
* Com informações de The Dawn News, teleSUR, Resumen e PalestinaLibre
Edição: Thalles Gomes