O 8 de março mal amanhecera e as mulheres em luta já ocupavam o parque gráfico do jornal O Globo, no Rio de Janeiro (RJ), e a fábrica da Riachuelo, na região metropolitana de Natal (RN), para denunciar o apoio do setor midiático-empresarial aos retrocessos democráticos levados a cabo após o golpe de 2016 que destituiu a ex-presidenta Dilma Rousseff. Ao longo da manhã, outros atos e marchas se espalharam por Bahia, Ceará, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul e Rondônia.
Durante a tarde, conforme divulgou a cobertura minuto a minuto do Brasil de Fato, cerca de mil mulheres ocuparam a sede do Tribunal Regional Federal (TRF) em Belo Horizonte (MG), com o intuito de denunciar o caráter elitista, antidemocrático e antinacional da justiça brasileira. As manifestantes mineiras já haviam ocupado a Assembleia Legislativa estadual desde quarta (7), como forma de criticar o retrocesso nos acordos entre o Ministério da Justiça e os movimentos sociais.
Em Santa Catarina, mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na grande Florianópolis, reivindicando cesta básica para os acampamentos e agilidade no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Na cidade de Colatina, interior do Espírito Santo, cerca de 600 mulheres se reuniram em protesto contra a reforma da previdência. Estavam presentes integrantes do MST, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB) e diversos sindicatos da região.
Na Bahia, além de ato unificado na Praça da Piedade, em Salvador, uma marcha composta por 600 mulheres do campo e da cidade tomou as ruas de Feira de Santana para lutar por mais direitos, democracia e autonomia. No município de Vitória da Conquista, 300 manifestantes denunciaram os desmandos do prefeito Herzem Gusmão (MDB), que tem apoiado o pacote de projetos do governo Michel Temer. Em Valença, no Baixo Sul do estado, 300 mulheres sem-terra ocuparam uma fazenda improdutiva voltada à criação de gado.
Na capital paranaense, munidas de faixas, cartazes, e instrumentos musicais, manifestantes iniciaram concentração na Praça da Mulher Nua, às 16h30, e saíram em marcha pelo centro da cidade, até a Boca Maldita. Já em Londrina, a manifestação teve início às 14h, com uma concentração no Monumento à Bíblia, e seguiu rumo ao Centro Cívico da cidade, passando em frente à Delegacia da Mulher, que só funciona em horário comercial. O movimento também ocupou a sessão plenária da Câmara de Vereadores.
No Distrito Federal, sob o lema “Pelo bem viver, nenhum direito a menos, nenhuma a menos!”, mulheres de diferentes segmentos populares se concentraram a partir da 17h em frente à Catedral de Brasília para iniciar uma marcha rumo ao Congresso Nacional.
Já em São Paulo, movimentos feministas organizam um grande ato unificado pelo Dia Internacional de Luta das Mulheres. A concentração teve início às 16h, na Praça Oswaldo Cruz, Avenida Paulista. Cerca de 15 mil manifestantes seguiram em marcha até a Secretaria da Presidência da República, com o palavra de ordem "Pela vida das mulheres, soberania e democracia: sai Temer e fica aposentadoria!"
Redes sociais
Paralelamente ao atos e manifestações de rua, um twittaço com a hashtag #8McontraGLOBO teve início logo após a ocupação do parque gráfico das Organizações Globo, no Rio de Janeiro (RJ). Por mais de quatro horas, o protesto virtual se manteve entre os assuntos mais comentados do Twitter, com adesão de mais de 5 mil postagens.
Edição: Thalles Gomes