Cerca de mil trabalhadoras rurais de diversas regiões do estado marcharam pelo Centro da capital paranaense nesta quarta-feira (7) para reivindicar a reforma agrária e o fim da violência contra as mulheres. O ato integra as atividades do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, e foi organizado por movimentos da Via Campesina, entre eles o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
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Agricultoras de assentamentos, acampamentos e quilombos caminharam da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) até a Boca Maldita entoando palavras de ordem feministas, a favor da reforma agrária e contra o presidente Michel Temer. Algumas participantes usavam maquiagem roxa nos olhos, representando a violência física que acontece a cada sete segundos com uma mulher brasileira.
Juliana de Melo, mora em acampamento do MST em Rio Bonito do Iguaçu, e conta que depois que Temer assumiu a presidência não houve nenhum novo assentamento da reforma agrária e a violência no campo aumentou. “Nós estamos aqui para denunciar a violência, em um sentido amplo, do capital contra todos os povos e territórios, e também a violência do agronegócio contra a mulher do campo”, afirmou a jovem.
Momentos antes da marcha, as trabalhadoras rurais se reuniram com representantes do Incra. Ceres Hadich, integrante da direção estadual do MST, explica que foram feitas reivindicações para que as famílias que moram em áreas de acampamento possam ter a posse da terra pela reforma agrária. “Também conversamos para buscar avanços para o desenvolvimento dos assentamentos, das áreas já conquistadas pelas famílias, para ter mais crédito, moradias, assistência técnica e incentivos para que as mulheres avancem na produção de alimentos e na produção da agroecologia".
Camponesas participaram de Audiência Pública na Assembleia Legislativa
Na manhã de terça-feira (6), as mulheres camponesas ocuparam as galerias, o plenário e a tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná. A audiência pública também integrou o calendário de atividades relacionadas ao Dia Internacional da Mulher dos movimentos da Via Campesina.
Kelly Manfort, da Coordenação Nacional do MST, participou da mesa da Audiência Pública e afirmou que as opressões que as mulheres enfrentam no campo foram originadas já na formação colonial do Brasil, com 300 anos de escravidão africana e indígena. “Por isso a nossa luta é contra o machismo e contra o racismo, dois pilares que operam na base da sociedade para violentar as mulheres”, afirmou.
O Legislativo tem pouca representação de mulheres que ocupam apenas quatro das 54 cadeiras. Considerando isso, o deputado Professor Lemos propôs a criação de uma frente parlamentar especificamente para o combate à violência contra a mulher. “Queremos, além da aprovação de bons projetos que tramitam na Assembleia sobre este tema, que sejam implementadas as leis que já existem. Precisamos ainda organizar uma frente de deputados paranaenses, assim como acontece no Rio Grande do Sul e em outros estados, que se engajem firmemente nesta luta”, afirmou.
Calendário de mobilizações
Em Curitiba, a mobilização do dia 8 está marcada para começar às 16h30, na Praça 19 de Dezembro – rebatizada pelas organizações das mulheres como Praça da Mulher Nua, em referência à estátua localizada no local. A caminha vai começar às 18h e terminar por volta das 20h, na Boca Maldita.
Uma outra marcha também ocorre na capital no dia 7, às 16h, protagonizado pelas mulheres por campo, com o mote “Mulheres em luta e resistência: contra a violência do capital, pela democracia e soberania nacional”.
Além de Curitiba, estão previstas manifestações em Ponta Grossa, Cascavel, Maringá, Paranaguá, Foz do Iguaçu, Londrina, Francisco Beltrão e Guarapuava. Clique aqui para ver a agenda completa.
Edição: Ednubia Ghisi