A que ponto de ilegalidade poderá chegar a intervenção dos militares
Esta é demais e raia o absurdo, além de queimar a imagem do Brasil. O Exército brasileiro, baseado no que se fazia na África do Sul durante o apartheid, segundo informa a Folha de S. Paulo, está fotografando moradores de três comunidades da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que só podem deixar os locais depois de serem fichados pelos militares. Essa ação é completamente ilegal, porque além de ferir a liberdade de ir e vir dos moradores demonstra a que ponto de ilegalidade poderá chegar a intervenção dos militares ordenada por Michel Temer.
É assim que os militares tratam o povo pobre do Rio de Janeiro e com o apoio total dos golpistas que ocupam o governo brasileiro. O que está acontecendo é também uma demonstração de racismo, porque os mais atingidos pela ação ilegal integram a etnia negra, sempre a mais violentada por medidas de exceção nas áreas pobres.
É assim que o lesa pátria Temer pretende ganhar popularidade? É muito lamentável que o Exército decida proceder dessa forma, sem questionar, atingindo em cheio o povo carioca de baixo poder aquisitivo. Pode-se imaginar o que aconteceria se uma medida absurda como a que está sendo realizada pelos militares fosse feita em bairros onde residem os ricos?
Diante dessa realidade cruel é mais do que necessário que se denuncie imediatamente nos organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas, por exemplo, a repetição do procedimento que faziam os racistas sul africanos responsáveis pelo apartheid, repudiados pela comunidade internacional. É realmente inadmissível que isso aconteça em um país como o Brasil, onde 54% da população é constituída de negros. Tal fato confirma em gênero, número e grau a dúvida levantada pela Escola de Samba Paraíso do Tuiuti se realmente a escravatura foi abolida no país.
Resta saber se a medida foi sugerida também pelo mentor do decreto do golpista Michel Temer, o atual ministro e ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Moreira Franco, que cariocas e fluminenses há muitos anos já sabem de quem se trata. E os moradores de Niterói ainda mais, pois esse político acima de qualquer suspeita já foi prefeito dessa cidade e deixou marcas negativas profundas no município vizinho ao Rio de Janeiro.
Uma pergunta também deve ser feita aos militares com poderes para intervir na segurança do Rio de Janeiro: as corporações estão adotando normas de ação, como essa do fichamento ilegal de moradores de áreas pobres do Rio, atingindo em cheio a liberdade de ir e vir dos mesmos, por iniciativa da cúpula comandada pelo general Braga Netto ou por sugestão também de figuras que integram o governo do lesa pátria Michel Temer?
O General Braga Netto e outros militares que executam a intervenção na área de segurança do Rio de Janeiro não podem deixar essa pergunta sem reposta. Se não o fizerem estarão também queimando a imagem das Forças Armadas.
Será possível também que os incautos que embarcaram na jogada do golpista Temer e seus auxiliares continuarão apoiando a intervenção que já está provocando tantos embaraços algumas horas depois da aprovação da medida por um Congresso controlado pela denominada base aliada? E imaginar que a medida se estenderá até o dia 31 de dezembro de 2018, quando teoricamente se encerra o mandato do ilegítimo lesa pátria?
Em tempo: além de, como sempre ridícula, a fala de Michel Temer, desta vez em entrevista na rádio Bandeirantes, demonstra perfeitamente que ele não está em condições de exercer o mandato que lhe foi concedido até mesmo por um golpe parlamentar. O lesa pátria mentiroso teve a coragem de afirmar que tinha cogitado afastar o seu correligionário do PMDB, Luis Fernando Pezão, o que não acabou acontecendo. Não porque, como afirmou Temer, seria uma medida radical, mas sim porque se isso acontecesse o político inventado pelo meliante Sérgio Cabral poderia até acompanhar o seu menor que se encontra preso em Curitiba. Temer não queria correr o risco que tal coisa acontecesse com o correligionário que tanto lhe ajudou na decretação da intervenção, federal-militar, ou seja a denominação que se der, na área de segurança do Estado do Rio de Janeiro.
Quem está sofrendo nesse início de intervenção é o povo pobre de três comunidades da zona Oeste do Rio de Janeiro. E se nada for feito, a medida de caráter racista continuará em outras áreas pobres da cidade
Edição: Brasil de Fato RJ