Coluna

Brizola deve estar se virando no túmulo após PDT votar a favor da intervenção

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Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão para votação da intervenção federal no Rio de Janeiro
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão para votação da intervenção federal no Rio de Janeiro - Wilson Dias/Agência Brasil
Decreto de Temer não passa de exercício de pirotecnia para enganar os incautos

Nesta altura dos acontecimentos, lamentáveis, por sinal, o ex-governador Leonel Brizola deve estar se virando no túmulo, depois que o PDT votou na Câmara dos Deputados favoravelmente a intervenção federal, decretada pelo lesa pátria Michel Temer. E com o agravante de que o mentor da media foi nada mais nada menos que Moreira Franco, o gato angorá, hoje ministro do governo mais impopular da história brasileira. Para os cariocas e fluminenses de memória curta vale lembrar que o gato angorá prometeu acabar com a violência no Estado do Rio de Janeiro em seis meses. 

Moreira Franco não só não cumpriu a promessa como a sua gestão no governo do Estado do Rio agravou o quadro.Tanto assim que quando assumiu o governo do Estado do Rio de Janeiro ocorriam 41 homicídios para cada cem mil habitantes, e ao completar o mandato de quatro anos, o índice aumentou para 62 por cem mil habitantes. E agora essa figura acusada de corrupção e que conseguiu fórum privilegiado por ser ministro aparece ao lado do seu protetor Michel Temer em mais uma jogada de pirotecnia que representa o decreto anunciado por Temer e aprovado por sua base aliada na Câmara dos Deputados, uma base cuja parte ponderável dos integrantes é acusadas também de corrupção.

O decreto em si não passa de mais um exercício de enganar os incautos envenenados por imagens de violência durante o Carnaval, insistentemente repetidas pelos canais de televisão e com destaque para a Rede Globo. Um Carnaval, por sinal, com índices de violência urbana até menores do que anteriores. É preciso também mencionar que o governador Luis Fernando Pezão, uma invenção do meliante Sergio Cabral, havia prometido uma ação especial da segurança durante o Carnaval, o que não só não aconteceu como resultou concretamente no afastamento das forças policiais das ruas do Rio de Janeiro, o que facilitou a ação de delinqüentes em vários bairros da cidade.

A Rede Globo e demais canais registraram ocorrências violentas na praia de Ipanema e até mesmo as imagens de um saque a um supermercado no bairro do Leblon. Foi o que Temer queria como pretexto para o anúncio do decreto, que, diga-se de passagem, não passa de um exercício de pirotecnia envolvendo as Forças Armadas.

Nesta altura do campeonato, Temer está muito grato a Pezão, que fez o que pôde para ajudar o presidente lesa pátria para elaborar o decreto cujo mentor é Moreira Franco, segundo inclusive foi revelado pelo deputado Josué Guimarães, líder do PT na Câmara dos Deputados.

E tem ainda mais um agravante: o Ministro da Defesa, Raul Jungman, está indócil e propôs inclusive a legalização de ações violentas em favelas do Rio de Janeiro que representa a ação de busca e ação coletiva. Dessa forma a repressão poderia se estender a ações violentas em casas de moradores de área pobres, o que já vem acontecendo apesar dos protestos dos atingidos pelo arbítrio. Mas Jungman conta com a colaboração da Advocacia Geral da União, que já admitiu ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal para legalizar  a violência. Esse tipo de covardia só ocorre em áreas pobres e jamais se repetiria em bairros cariocas  onde vive gente rica. Ou alguém tem dúvidas que violências desse tipo poderiam ocorrer em Ipanema ou Leblon, por exemplo, onde muitas vezes podem estar presentes os verdadeiros chefes do crime organizado, os tais cidadãos acima de qualquer suspeita.

Os incautos, em sua maioria das camadas médias, terão a sensação furada de que com a presença das Forças Armadas, estarão seguros, mas esquecem que ações militares na cidade do Rio de Janeiro ocorrem pelo menos desde 1992 quando da realização da ECO-92. Depois, em 2009 nos Jogos Panamericanos, em seguida em ações como na Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Temer é um político que não merece crédito e aproveitou o embalo pirotécnico para mudar de foco político da contra reforma da Previdência para a questão da segurança. O governo golpista não conseguiria os tais 308 votos necessários para aprovar o esbulho representado pelo projeto da contra reforma previdenciária. É que os integrantes da tal  base aliada, grande parte acusada de corrupção, não queriam correr o risco de votar no projeto, pois com isso arriscavam a não conseguirem ser reeleitos perdendo consequentemente o foro privilegiado.

Temer, com a ajuda do aliado do PMDB, Pezão, conseguiu o que queria e nomeou o comandante do Leste, General Braga Netto, como o interventor militar na área de segurança. Além de deixar em dúvida inúmeras questões, inclusive qual o custo da operação e de onde vem a verba, o decreto deixa sem respostas outras questões, como, por exemplo, o plano de ação da segurança propriamente dito, agora sob o comando do tal general.

Não é preciso nenhuma bola de cristal para concluir que a violência urbana vai continuar e com risco até de agravamento. Mas para Temer e Moreira Franco nada disso importa, porque eles estão interessados, isso sim, em continuar no poder a qualquer custo.

Essa é a triste realidade que se apresenta para a cidade e Estado do Rio de Janeiro. Ah, sim, soma-se a isso o fato do município do Rio de Janeiro estar sendo governado por um prefeito como Marcelo Crivela, que mentiu ao afirmar inicialmente que estava em visita oficial a uma empresa aeroespacial localizada na Alemanha, mas depois se ficou sabendo que era em caráter privado. Para fugir do Carnaval e não contrariar os adeptos da religião em que é Bispo, que se diz licenciado, Crivela aproveitou a “folguinha” do período e continuou viajando para outros países europeus se apresentando em vídeos ridículos e que envergonham os cariocas.

Podem imaginar o que acontece a uma região que tem a frente figuras como Pezão e Crivela? E que já teve como governadores Moreira Franco e Sérgio Cabral? Ainda por cima depois de mais de 30 anos aparece um lesa pátria como Temer com um decreto para enganar os incautos e tentar uma jogada política impossível, ou seja, recuperar a imagem desgastada por uma série de medidas perniciosas aos trabalhadores brasileiros.

O Brasil não merecia tamanha desgraça.

Edição: Brasil de Fato RJ