Com eleições gerais previstas para o dia 7 de outubro, o panorama nacional vive ainda momentos de incerteza no que se refere à disputa pelo cargo mais alto do país. Ainda não se sabe ao certo quais serão todos os candidatos à Presidência da República, mas a corrida deverá contar com novos e velhos nomes.
O calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fixa o período entre 20 de julho e 5 de agosto como a fase das convenções partidárias, que é quando as legendas deverão escolher os nomes para a disputa. O registro das candidaturas vai até 15 de agosto.
Confira abaixo as principais tendências dos partidos.
Favorito
Em primeiro plano, o cenário conta com a candidatura de Lula. Todas as pesquisas o apontam como favorito com 34% e 37% das intenções de voto, segundo o Datafolha divulgado no dia 30 de janeiro. Apesar da recente condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), e de um futuro ainda incerto em relação aos desdobramentos do processo do caso do triplex, o petista deverá lançar a pré-candidatura nesta quarta-feira (7).
"Desistir nunca, perder a esperança jamais", disse, nos últimos dias, o ex-presidente durante uma entrevista. Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) têm afirmado que seus maiores opositores são grupos mais conservadores, em especial a mídia tradicional e setores do Ministério Público e do Judiciário, embora, a seu favor, tenham um amplo apoio popular.
PCdoB
No espectro da esquerda, outros partidos anunciaram candidatura própria, o que tende a deixar a corrida presidencial mais pulverizada no campo progressista. Um deles é o PCdoB, que terá à frente da chapa a jornalista e atual deputada estadual do Rio Grande do Sul Manuela D'Ávila.
A comunista foi deputada federal por dois mandatos e chegou a liderar a bancada do partido na Câmara Federal, onde teve papel de destaque na atuação parlamentar, mas o partido tem chances escassas de passar no primeiro turno. Segundo o Datafolha, Manuela conta com cerca de 2% das intenções de voto.
A candidatura própria é interpretada como uma tentativa de alavancar mais votos para o partido em âmbito nacional, fortalecendo a presença da legenda no Legislativo. Aliado histórico do PT em diversos momentos, o PCdoB tende a apoiar o PT num eventual segundo turno, mas flerta com outros partidos e, mais do que isso, tem pautado um programa mínimo conjunto entre as siglas do campo progressista .
Psol
O Psol também irá lançar uma candidatura própria, mas ainda não fechou o nome de quem será cabeça de chapa. A incerteza a respeito do candidato transita entre nomes dos próprios quadros partidários e o do militante Guilherme Boulos, um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O militante foi convidado a se candidatar pelo partido e ainda não oficializou um posicionamento, mas é apontado como o nome mais provável da legenda na disputa. A pesquisa Datafolha identificou que ele conta com menos de 1% das intenções de voto.
Representando uma ala do partido que não concorda com a indicação de Boulos, Plínio de Arruda Sampaio Jr. já inscreveu sua pré-candidatura que, além dele, tem outros três interessados. Para vice, o partido cogita o nome da militante Sonia Guajajara, da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Os nomes escolhidos serão anunciados na conferência eleitoral do partido, marcada para o dia 10 de março.
Outras esferas
A Rede terá como candidata a ex-senadora Marina Silva, uma das fundadoras do partido e nome mais forte dentro da legenda. Esta será a terceira disputa presidencial da ambientalista, que costuma se apresentar como uma terceira via diante da polarização histórica entre petistas e tucanos, mas conta com pouca estrutura partidária.
Além disso, Marina sofre resistência de muitos atores do campo mais progressista por ter manifestado posicionamentos conservadores nos últimos anos. No segundo turno da disputa presidencial de 2014, por exemplo, ela chegou a declarar apoio ao tucano Aécio Neves, que concorreu com a então candidata Dilma Rousseff (PT).
O ex-ministro da Educação Ciro Gomes (PDT) será o nome dos pedetistas na disputa. Ele já concorreu à Presidência por duas vezes, em 1998 e em 2002. Atualmente, o PDT tem tentado costurar apoios na ala centrista da política e ainda em setores da esquerda. Paquerado pelo PT para uma possível aliança com Lula, a sigla tem dito que não pretende abrir mão de ser cabeça de chapa.
O percentual de intenções de voto para Marina e Ciro varia, segundo o Datafolha, conforme os candidatos que irão participar da disputa. Em um cenário sem Lula, os dois teriam destaque na lista, mas perderiam para o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), principal líder da extrema-direita.
O campo da direita poderá contar com nomes como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pelo PSDB; o atual senador Álvaro Dias (PR), pelo Podemos; o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles e Jair Bolsonaro (PSC). Este último apresenta a maior porcentagem de intenção de votos (18%) segundo o Datafolha, que chega a considerar inclusive o apresentador Luciano Huck como páreo na disputa, com 8% dos votos.
Entre os nomes confirmados como pré-candidatos, está o do ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor (PTC-AL). Ele estreou na pesquisa do Datafolha nessa quarta com um dos maiores índices de rejeição entre os eleitores, com um percentual de 44%.
Além de pertencer a uma sigla com pouca expressão nacional, o parlamentar conta com um histórico político conturbado. Em 1992, depois de denúncias de corrupção envolvendo seu governo, Collor sofreu um processo de impeachment. Além disso, ele responde atualmente a inquéritos no STF no âmbito da operação Lava Jato.
Edição: Nina Fideles