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Bem comum ou propriedade privada? Documentário aborda privatização de sementes

"Existe uma luta para preservar esse patrimônio genético como um bem das comunidades", diz agrônomo

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Imagem do documentário Sementes: Bem Comum ou Propriedade Privada?, produzido por coletivos de oito países
Imagem do documentário Sementes: Bem Comum ou Propriedade Privada?, produzido por coletivos de oito países - Reprodução
"Existe uma luta para preservar esse patrimônio genético como um bem das comunidades", diz agrônomo

As sementes são um bem comum, fontes de diversidade e parte integral da defesa do território, da vida e da autonomia dos povos latino-americanos. É o que diz Naiara Bittencourt, advogada e integrante da Articulação Nacional de Agroecologia e da organização Terra de Direitos.

"As sementes são a fonte da diversidade agrícola, da memória dos povos, e possibilitam que nós tenhamos uma soberania e segurança alimentar e nutricional de fato, compondo a agrobiodiversidade nacional e também a soberania desses povos que utilizam as sementes como forma de reprodução cultural e da vida", ressalta. 

A luta de povos camponeses para preservar o patrimônio cultural e agrícola das chamadas sementes crioulas é foco do documentário Sementes: Bem Comum ou Propriedade Privada? O filme traz relatos de pessoas de vários países da América Latina e que, apesar de suas diferenças, enfrentam desafios semelhantes.

O agrônomo Gabriel Fernandes, que participou da articulação do documentário, ressalta o movimento por parte de empresas transnacionais de se apropriarem dessas sementes. "No fundo, a gente vê que é exatamente a mesma luta para preservar esse patrimônio genético que a gente entende como um bem das próprias comunidades contra o avanço de grandes empresas que, hoje em dia, são basicamente três grandes multinacionais que controlam uma parte cada vez maior do mercado de sementes, principalmente de sementes transgênicas".

O documentário, que recentemente ganhou legendas em português, narra experiências e lutas de camponeses de oito países: Equador; Brasil; Costa Rica; México; Honduras; Argentina; Colômbia e Guatemala. 

O filme também aborda as sementes como protagonistas na resistência à aplicação de agrotóxicos e herbicidas e ao avanço do agronegócio sobre os territórios dos camponeses, povos indígenas e comunidades tradicionais, como lembra Gabriel Fernandes. "Uma vez que os agricultores têm nas suas mãos as sementes e o conhecimento para cuidar desses materiais, essa é uma das principais formas de resistência e enfrentamento ao controle por poucas empresas em relação às sementes".

O documentário foi produzido pelo Coletivo de Sementes da América Latina, formado por instituições de diversos países.

Assista:


 

Edição: Vanessa Martina Silva