Futebol de qualidade discutível, calendário inchado, equipes formadas às pressas e outras coisas mais. Você pode negar, mas aposto que você está de olho no Campeonato Carioca, meu caro. A competição que já foi considerada a mais tradicional e charmosa do Brasil começou trazendo todos aqueles problemas bem conhecidos do torcedor. Mas um deles já se tornou corriqueiro: a falta de público nos estádios.
Só pra gente ter uma ideia, a vitória do Flamengo sobre o Bangu nesta quarta-feira, na Ilha do Governador, foi assistida por míseras 4.589 pessoas. O empate sem gols entre Fluminense e Portuguesa teve números ainda mais constrangedores: apenas 1.414 persistentes estiveram em Edson Passos vendo o jogo. Bom, o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (a FFERJ), Rubens Lopes, falou sobre essa questão do público durante a festa de abertura do Campeonato Carioca:
"Vivemos um momento extremamente complicado no estado. O aumento da violência é um fator impeditivo. Dois fatores: a violência e o fator econômico. São dois pontos fundamentais e que eu acho que estão até acima da capacidade técnica, do interesse técnico. Mas eu digo a você, o interesse existe. Tanto existe que tem jogo que dá um milhão de audiência. A final do campeonato passado, o Fla-Flu deu uma audiência de cinquenta por cento. Mais da metade dos televisores ligados estavam focados no Fla-Flu. Teve partida do campeonato estadual que teve mais audiência do que jogo da Seleção Brasileira. Agora é um desafio você fazer com que a torcida volte a frequentar os estádios, com que as famílias voltem a frequentar os estádios. Esse é um grande desafio. Nós viemos lutando com isso não é de hoje. Esse é um ponto nevrálgico da questão", comenta.
Rubens Lopes levantou três questões pertinentes. A primeira é a violência. Vamos combinar que fica bem complicado ver um jogo em Mesquita e pegar o trem de volta pra casa quase à meia-noite. O horário não ajuda, o transporte público menos e a segurança pública nem se fala. O fator econômico é algo que já vem sendo debatido por muita gente ao longo dos últimos. Já se foi o tempo em que víamos oitenta, noventa mil pessoas no Maracanã. Hoje todos se contentam com quarenta e poucas mil já que os estádios se transformaram em "arenas" e geram um custo altíssimo de manutenção. E o terceiro (e mais grave) é a influência da televisão. É ela quem manda. Sem exagero. É a TV quem determina o horário, quem paga pelo campeonato. E os clubes acabam reféns nessa relação.
Difícil dizer qual será o futuro dos estaduais. Certo é que muita coisa precisa mudar. E ver os estádios vazios chega a dar dor no coração.
FLAMENGO
A molecada do Flamengo vem correspondendo às expectativas. Mas é preciso ir com calma e deixar que eles mesmos entendam até onde podem ir. E é bom ficar de olho no zagueiro Thuler e no meia Jean Lucas.
VASCO DA GAMA
É verdade que o Vasco está com a cabeça na Libertadores da América. Mas o time corre um sério risco de se decepcionar amargamente se jogar a bolinha que jogou contra a Cabofriense...
FLUMINENSE
O que falar além do que já foi falado? Pelo que tem feito à frente do time, Abel Braga merece uma estátua no clube. O Fluminense não tem dinheiro e nem um elenco de qualidade. E Abelão vai se segurando como pode.
BOTAFOGO
É outro que precisa se encontrar. Mas também precisa de paciência. Felipe Conceição chegou e tem ideias diferentes de Jair Ventura. Um voto de confiança da torcida seria fundamental nesse início de temporada.
Grande abraço e até a próxima!
Edição: Mariana Pitasse