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Democracia brasileira rumo ao abismo, diz artigo do NYT; veja destaque internacional

Futuro político do Brasil é analisado por publicações como o jornal inglês The Guardian e o econômico Financial Times

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"Democracia brasileira empurrada para o abismo" diz título de artigo assinado pelo economista Mark Weisbrot
"Democracia brasileira empurrada para o abismo" diz título de artigo assinado pelo economista Mark Weisbrot - Reprodução

Em um artigo de opinião do jornal The New York Times, o economista estadunidense Mark Weisbrot prevê um futuro político nebuloso para o Brasil caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja impedido de disputar o pleito eleitoral de 2018 após decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). 

"Talvez, o mais importante é que o Brasil se reconstituirá como uma forma de democracia eleitoral muito mais limitada, em que um judiciário politizado pode excluir um líder político popular de se candidatar a cargos. Isso seria uma calamidade para os brasileiros, a região e o mundo", escreveu nesta terça-feira (23), vésperas do julgamento do petista pelo TRF4.

No artigo, Weisbrot descreve o processo de judicialização da política brasileira, afirmando que uma medida que poderia ter sido um avanço — a independência dada pelos governos petistas à  Polícia Federal e ao Judiciário para investigar casos de corrupção — acabou causando efeito contrário. "Como resultado, a democracia do Brasil agora passa pelo seu momento mais frágil desde o fim da ditadura militar", apontou. 

Não há muitas esperanças de que o julgamento do ex-presidente se dará de maneira imparcial, constata o articulista, enumerando manifestações dos magistrados envolvidos no caso.

Referindo-se especificamente ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, Weisbrot relembra que este precisou pedir desculpas à Suprema Corte em 2016 após publicar gravações de conversas envolvendo Lula, Dilma Rousseff, além de advogados e familiares do ex-presidente petista.

"O juiz Moro organizou um espetáculo para a imprensa, em que a polícia apareceu na casa do Sr. da Silva e o levou para interrogatório, mesmo após ter dito que iria voluntariamente para o interrogatório", afirmou, completando que as evidências contra Lula estão "muito abaixo dos padrões que seriam levados a sério, por exemplo, pelo sistema judicial dos EUA". 

O périplo judicial de Lula e as possíveis consequências para o futuro político do Brasil também foram explorados por publicações como o jornal inglês The Guardian, o econômico Financial Times e a revista especializada Americas Quartely. 

"O Brasil se prepara para uma decisão judicial histórica, que poderá remover o líder político mais popular da história moderna do Brasil de uma eleição que ele atualmente está pronto para vencer — e que pode se provar devastadora para o Partido dos Trabalhadores fundado por ele", destacou reportagem assinada por Dom Phillips no Guardian. 

Já o Financial Times aponta o clima de incerteza nos mercados internacionais diante do impasse político brasileiro. "O que quer que aconteça, o futuro de Lula na Justiça deve ser um fator decisivo na eleição", afirma. 

Brian Winter, editor da revista Americas Quartely, cravou que o ex-presidente será candidato em 2018.  "Lula, aos 72 anos, permanece como uma figura quase mítica na política brasileira, especialmente entre sua base trabalhista", escreveu o jornalista especializado em América Latina, que invoca a "tradição brasileira" para justificar sua crença de que o petista estará entre as opções do eleitor em outubro. 

"O arcabouço legal extraordinariamente complexo do Brasil — outra consequência de sua tradição de continuidade — significa na prática que poderá haver ao menos algum critério individual na interpretação da lei. Brasília permanece um local onde juízes regularmente socializam com senadores e, às vezes com o presidente, e as pessoas mais poderosas falam privadamente de estabilidade e conciliação. Muitos insistem que, nessa conta, Lula permanece em uma classe própria. Para mim, isso significa que Lula, de alguma forma, será autorizado a concorrer em outubro — apesar do resultado apertado". 

Edição: Carta Capital