Movimentos sociais e entidades sindicais lançaram, nessa segunda-feira (9), a campanha "Cadê a prova?", numa tentativa de massificar o movimento em defesa da inocência do ex-presidente Lula. O petista será julgado no próximo dia 24, no Tribunal Regional Federal (TRF) 4, em Porto Alegre, por conta do processo conhecido como o "caso do tríplex".
De acordo com o vice-presidente nacional do PT, Alexandre Padilha, o nome escolhido para a campanha é uma provocação em referência à ausência de provas substanciais que justifiquem a acusação contra o ex-presidente.
"Fala-se muito de condenação, mas nenhum juiz nem a Rede Globo, ninguém mostrou qual é a prova. Queremos fazer um diálogo com cada cidadão brasileiro. Não só aqueles que defendem o presidente Lula, mas todo e qualquer cidadão [pra saber] se ele acha justo alguém ser condenado sem qualquer tipo de provas", afirma Padilha.
A campanha terá como estratégia a distribuição de banners e cartazes pelo país, além da divulgação de vídeos e outros materiais nas redes sociais. Entre os argumentos apresentados pelos organizadores, está o de que a Justiça estaria agindo politicamente no caso porque as cerca de 80 testemunhas que foram ouvidas inocentaram o ex-presidente.
Além disso, em manifestações recentes, o presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores, elogiou publicamente, antes de ler o processo, a sentença de condenação de Lula dada pelo juiz Sérgio Moro. O petista será julgado pela 8a Turma do Tribunal.
"É como se fosse um juiz que fosse apitar o jogo e já entrasse com a camisa de um dos times", critica Padilha.
A dirigente nacional da CUT, Central Única dos Trabalhadores, Maria Faria Godoi considera que a conscientização da população sobre a inocência de Lula é algo que vai além da defesa do petista.
"Lula transcende a questão da pessoa Lula e da questão de um ex-presidente. Ele significa pra nós toda uma conquista de um processo de democracia neste país, de inclusão social, de cidadania que vinha sendo construído", argumenta.
Eleições 2018
Para os organizadores da campanha, as acusações contra Lula objetivam a exclusão dele das eleições presidenciais deste ano. O petista é constantemente apontado em pesquisas de opinião como o candidato de preferência da população.
Para a Confederação de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), uma das articuladoras da campanha, a defesa do ex-presidente diz respeito a um processo de resistência democrática.
"E não se trata simplesmente de defender o Lula presidente, porque nós vamos ter, provavelmente, outras candidaturas no campo progressista, mas defendemos o direito de ele ser candidato por uma questão de democracia. Essa é a principal trincheira da atividade de luta que nós vamos ter neste momento", pontua o dirigente nacional da CTB Ronaldo Leite.
Edição: Vanessa Martina Silva