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Editorial | Em Pernambuco, a quem interessa a privatização da Chesf?

Atualmente, a empresa abastece cerca de 80% das cidades do Nordeste

Brasil de Fato | Recife (PE) |
"Para nós pernambucanos, esta proposta ganha contornos de filme de terror"
"Para nós pernambucanos, esta proposta ganha contornos de filme de terror" - CUT\PE

Ainda este mês de dezembro deve chegar ao Congresso Federal o projeto de Lei que pede a privatização da Eletrobrás. Com o nome de Centrais Elétricas Brasileiras S.A., a Eletrobrás é uma empresa sob controle acionário do Governo Federal brasileiro e tem como funções originais a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica em nosso país.

Hoje ela é responsável por cerca de 40% do total da capacidade de geração de energia elétrica em nosso país e por uma porcentagem maior ainda das linhas de transmissão por todo o território nacional. São valores enormes. Ainda mais quando nos referimos a um país com as dimensões de nosso território.

Todo este potencial energético por si só já seria motivo suficiente para a população brasileira ficar ressabiada quanto a esta proposta de privatização. Afinal, em que nos interessaria entregar todo este poder na mão de empresas estrangeiras? A geração e distribuição de energia elétrica são condições essenciais para o desenvolvimento de um país. Mas, para além deste componente estratégico, a Eletrobrás cumpre, e cumpriu, também outras funções de relevante importância social. Basta lembrar que o programa Luz para Todos, responsável por levar energia elétrica a mais de 15 milhões de moradoras e moradores rurais, que antes não podiam ter acesso a este item básico de sobrevivência, foi operacionalizado por ela.

Para nós pernambucanos, esta proposta ganha contornos que se assemelham a um grande filme de terror. Não bastasse a retomada do velho fantasma das privatizações que parecia ter ficado no passado tenebroso que representaram os governos de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, este filme de terror possui entre um dos seus atores principais um Pernambucano. Tal conterrâneo chama-se Fernando Filho, filho do senador Fernando Bezerra Coelho, aliado de Michel Temer e que ocupa atualmente o cargo de ministro de Minas e Energia no governo federal.

E, como num verdadeiro filme de terror de péssima qualidade, vale ressaltar que no bojo da Eletrobrás está a CHESF, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, que está entre as maiores geradoras de energia do país e de importância inestimável para todo o povo nordestino, chegando a abastecer por volta de 80% das cidades do Nordeste.

Fernando Filho e Michel Temer precisam esclarecer quais são os reais interesses envolvidos nesta venda. Por que privatizar desta maneira em pleno ano eleitoral? Para além da energia elétrica, estas empresas passariam a ter controle também sobre o poder de uso das águas das hidrelétricas, utilizadas também para a produção agrícola, por exemplo.

No final das contas, o que resta é uma grande estranheza mesmo nesta movimentação. Ainda mais em um momento em que o pai do ministro, o senador Fernando Bezerra Coelho, lidera uma oposição de direita em Pernambuco e quer passar a governar o nosso Estado a partir de 2019. Devemos acompanhar esta movimentação e se posicionar a todo instante contra mais uma medida descabida como esta. Os interesses dos aliados de Michel Temer, da oposição de direita em Pernambuco e da família Coelho não podem estar acima dos verdadeiros interesses do nosso povo

Edição: Monyse Ravena