Desde junho de 2017, quando a Petrobras aplicou sua nova política de preços para o gás de cozinha, o valor do produto vem subindo. Em novembro, o preço estava, em média, 17% maior do que em janeiro do mesmo ano.
Isso, porque desde que Pedro Parente assumiu a presidência da estatal, há uma nova orientação para a definição dos preços de seus produtos, entre eles, gasolina e diesel. A ideia é que os valores acompanhem as flutuações do mercado internacional.
Nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, a política era a oposta: congelava-se os preços como forma de incentivo à economia interna.
De acordo com Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), a alta nos preços dos diversos derivados do petróleo têm aberto uma brecha para que empresas internacionais tomem o mercado brasileiro, levando a Petrobras a ter um quarto da capacidade das refinarias em situação de ociosidade.
“Basicamente o que essa política faz é elevar os preços dos derivados no Brasil. Coloca esse preço acima dos preços internacionais. Na prática, esses preços estão desproporcionalmente altos. A Petrobras, como consequência, tem ficado com suas refinarias ociosas”, explica Coutinho.
Coutinho ainda afirma que a situação pode piorar mais se for confirmada a venda da Liquigás, uma subsidiária da Petrobras de capital fechado, que atua no engarrafamento, distribuição e comercialização de gás liquefeito de petróleo. "Isso só piora, caso se concretize a venda da Liquigaz, que está sendo questionada", pontua.
O projeto de venda de ativos que inclui a Liquigás é avaliado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A direção da companhia afirma que a medida é necessária para a estatal resolver problemas de caixa, mesmo que a Petrobras tenha apresentado lucro líquido de R$ 5 bilhões nos primeiros nove meses de 2017.
"A gente vai ter no setor a formação de um cartel privado. Caso o Cade aprove, a população vai ficar submetida a um cartel: poucas empresas vão controlar boa parte do mercado, que vão buscar os maiores lucros em detrimento do consumidor”, avalia.
O processo de compra da Liquigás pela Ultragaz deve ser julgado até março de 2018 pelo Cade.
Edição: Simone Freire