A educação foi a política pública que mais avançou durante os 13 anos de governos progressistas no Brasil, com Lula (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016). É o que aponta o estudo intitulado "Faces da Desigualdade no Brasil: um olhar sobre os que ficam pra trás", apresentado no Colóquio Internacional promovido pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso).
Para a análise, foram utilizados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) entre 2002 e 2015. O estudo compara a situação dos 5% e dos 20% mais pobres, dentro do universo da população total. De acordo com os pesquisadores, trata-se de um recorte de tempo onde um conjunto de decisões políticas tomadas nas esferas social e econômica visou a redução da pobreza e da desigualdade no Brasil.
Entre 2002 e 2015, houve queda de um terço na desigualdade que separa os mais pobres no âmbito da educação. Em 2002, menos de 7% dos mais pobres concluíam o ensino fundamental. Depois de 13 anos, esse índice passou para 30%, o que representa um aumento de 330%.
Além disso, de acordo com dados do Exame Nacional de Estudantes (Enad), que avalia o rendimento dos alunos que concluíram a faculdade, em 2015, 35% dos formandos eram os primeiros da família a ter acesso ao ensino superior.
O estudo verificou também que houve uma queda na desigualdade de renda no período analisado, demonstrando uma reversão da tendência de concentração de renda, à qual o Brasil estava sujeito desde a ditadura militar.
Isso é explicado , de acordo com o estudo, pelo aumento real do salário mínimo, a formalização do mercado de trabalho, a incorporação dos mais pobres ao orçamento federal e a distribuição efetiva de renda por meio de projetos sociais.
A pesquisa aponta ainda a tentativa da mídia de não reconhecer a evolução gerada por estes governos. A conclusão do estudo é de que a atual conjuntura política, pós-golpe, de recrudescimento, privatizações e a adoção de um projeto político neoliberal fará as desigualdades sociais e os saldos positivos dos últimos 13 anos se tornarem negativos.
Edição: Vanessa Martina Silva