A defesa da Educação pública tem sido uma das principais bandeiras do ex-presidente Lula durante a caravana que já atravessou o Nordeste, Minas Gerais e agora chega ao Espírito Santo e Rio de Janeiro. O projeto busca aproximar o ex-presidente da população brasileira e entender as necessidades de cada região.
O percurso, que é feito de ônibus por Lula, começa em Vitória, no Espirito Santo, no dia 4, visita mais uma cidade capixaba e depois segue para o estado do Rio de Janeiro, passando pelas cidades de Campos dos Goytacazes, Maricá, Duque de Caxias, Belford Roxo, Nova Iguaçu e terminando num grande ato em defesa da Educação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a Uerj, no dia 8 de dezembro.
A Radioagência Brasil de Fato conversou com o cientista político e professor da Uerj, Emir Sader, sobre o encerramento da Caravana no estado do Rio ocorrer na Universidade. Para ele, o evento é uma oportunidade de acenar com uma perspectiva de futuro mais promissor para o Ensino Superior.
“Lula fez questão de fazer esse ato lá porque a Uerj acabou sendo a mais atacada, desgastada, nesse caso, porque acumula também a crise do governo do estado do Rio de Janeiro. Fizemos questão de trazer o Lula para Uerj com esse ato temático sobre Educação pública para dar esperança para a Universidade”, destaca Sader.
O momento de ruptura democrática vivido pelo Brasil tem atacado políticas sociais e direitos assegurados pela Constituição Federal. Na semana passada, o Banco Mundial apresentou um relatório sugerindo o fim do modelo das universidades públicas gratuitas no país. A instituição financeira que efetua empréstimos à países em desenvolvimento afirma que 65% dos alunos que estudam nas universidades públicas estão entre os 40% mais ricos, sendo assim, poderiam pagar mensalidade.
Para o professor do curso de Direito da Uerj, Nelson Massini, há 50 anos a ideia de privatizar o Ensino Superior gratuito do país ronda as universidades públicas. Ele explica que nos últimos anos houve uma democratização do acesso às instituições públicas de Ensino Superior, permitindo que a classe popular ingressasse nas universidades e que, isso por si só, já vai na contramão dos números apresentados pelo Banco Mundial. Massini cita a própria Uerj como exemplo.
“A Uerj deixou de ser uma universidade pública para se tornar uma universidade popular, ela é uma universidade onde 60% das vagas são ocupadas por oriundos de Ensino Médio e de algumas ações afirmativas. Hoje é inviável pensar em cobrar dessas pessoas. E não representaria, a mensalidade, nenhuma melhora financeira para a Uerj e para nenhuma outra. A melhor correção que se pode fazer hoje no ensino superior é manter o sistema de oportunidades para as classes menos favorecidas”, ressalta o professor.
Na última sexta-feira, dia 24, a Uerj lançou uma nota em repúdio ao relatório do Banco Mundial e destacou a prestação de serviço realizada para a população do estado do Rio. A universidade também chamou a atenção para as políticas afirmativas que possibilitaram o ingresso de um terço dos estudantes da graduação e para o fato da instituição ter subido 33 posições no Center for World University Rankings, que avalia as melhores universidades do mundo.
Edição: Vivian Virissimo