Nesta semana, a polêmica em torno das prisões decretadas a Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, a Alerj, e aos deputados Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB, geraram indignação nos servidores públicos e na população do estado do Rio. Para eles, as investigações dos parlamentares evidenciam que a falência do estado é fruto de corrupção e má administração do dinheiro público.
Na opinião do servidor da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), Ary Girotta, todas as tentativas de privatização da companhia e retirada de direitos dos servidores do Rio deveriam ser imediatamente revogadas.
“A falência do estado do Rio é fruto da corrupção e da maneira irresponsável como foram concedidas as isenções fiscais, inclusive às empresas de ônibus. Não tem como condenar o servidor público a pagar essa conta nem que a Cedae seja sacrificada por conta dos erros deles”, afirma.
Segundo a vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Asduerj), Deborah Fontenelle, destaca que a revolta é grande até porque estruturas públicas, como a UERJ, amargam o sucateamento, apesar de ser uma das mais reconhecidas universidades do Brasil.
“O discurso do governo do estado é de que os servidores tenham compreensão para a crise, que não tem outro jeito de resolver, se não for a gente pagar por ela. Enquanto isso, temos um parlamento envolvido em grandes esquemas de corrupção”, afirma.
Entenda o caso
Na última semana, depois que os três deputados se entregaram à Polícia Federal e passaram uma noite encarcerados em Benfica, na zona norte, onde também está detido o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), uma sessão extraordinária na Alerj decidiu revogar as prisões. O parecer favorável à soltura, elaborado pelo deputado Milton Rangel (DEM) teve 39 votos. Outros 19 deputados votaram para manter a prisão e um se absteve. Onze se ausentaram.
A sessão da Alerj foi marcada por uma série de irregularidades, entre elas o bloqueio da entrada da assembleia ao público nas galerias da Casa. No sábado (18), o Ministério Público protocolou um mandado de segurança em que pede a nulidade da votação em função do desrespeito a limintar.
Débora acrescenta que os servidores repudiam as votações a portas fechadas. "No mínimo temos que garantir o direito de estar ali dentro assistindo as decisões. Estamos sem salário e temos que aguentar os deputados libertando seus colegas quando são indiciados por denúncias de corrupção na maior facilidade”, protesta.
Depois de serem presos e, em seguida, soltos após votação na Alerj, os parlamentares foram encarcerados pela segunda vez, por ordem do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) na última terça-feira (21), onde permaneceram até o fechamento desta reportagem.
A Operação Cadeia Velha apura o uso da presidência e outros postos da Alerj para a prática de corrupção. Os parlamentares são suspeitos de favorecer interesses de empresários do setor de transporte público e empreiteiras em troca de propina.
Edição: Vivian Virissimo