Economista responde ao ouvinte sobre os impactos das mudanças na CLT
Prevista para entrar em vigor no mês de novembro de 2017, a Reforma Trabalhista vem com alterações em mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada em 1943. As mudanças foram duramente criticadas por especialistas no assunto e pelos movimentos populares, que afirmam que as alterações visam beneficiar os grandes empresários. Entre os pontos modificados estão o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, o aumento do poder de negociação direta entre empregadores e empregados, como modificações nas férias, por exemplo, jornada de trabalho, remuneração e plano de carreira.
A não garantia do cumprimento da CLT deixa um futuro incerto para os jovens que ingressam agora no mercado de trabalho. A pergunta da ouvinte da semana traz este questionamento e quem responde é Pedro Rossi, economista e professor da UNICAMP:
"Amanda Oliveira Santos, sou estagiária de engenharia civil e quero saber como vai ficar a reforma trabalhista, o que vai afetar nos jovens que estão iniciando a carreira hoje?"
"Oi Amanda, meu nome é Pedro Rossi, sou professor do Instituto de Economia da UNICAMP e a sua pergunta é muito pertinente. A ideia da reforma trabalhista é aumentar a pressão competitiva entre os trabalhadores, tornando-os mais vulneráveis.
Então, os jovens que estarão entrando no mercado de trabalho, eles vão entrar em condições de competição muito mais intensas, muito mais fortes e com contratos mais precários. O que vai dificultar uma visão de futuro para os mais jovens.
Eles vão ter que estar mais preparados e vão ter uma distância maior na competição e na relação com os empregadores. Então, vai ser mais difícil a relação do empregado e o empregador, mais difícil de ter direitos trabalhistas assegurados e mais difícil de pensar o futuro de uma maneira mais estável, pensar o salário, pensar a renda do trabalhador, principalmente do trabalhador mais jovem."
Edição: Camila Salmazio