Estamos na estrada, neste desafio coletivo
A caravana começou. E ela começou onde trabalhadores foram assassinados, onde ocorreu uma das mais fraudulentas privatizações do patrimônio público, onde a tradição de organização sindical se mistura com a vida das cidades. Começamos no Vale do Aço. A Praça estava cheia, cheia de povo. O tema, soberania nacional, não poderia ser mais apropriado. Neste momento da conjuntura do país estamos perdendo nossas terras, nossas águas, nosso petróleo, nossa geração de energia. Perdendo a educação pública para conglomerados privados, perdendo nossos direitos para um capitalismo que usa a fome do povo para manter sua espoliação do orçamento público.
A caravana tem as tarefas do anúncio e da denúncia. É preciso denunciar o golpe e todos os seus interesses, quem o financiou e sair da falsa polarização narrada pela mídia comercial. Essa polarização afasta o povo, nega a política e mantém tudo como está. Um ano da ruptura democrática que nosso país sofreu, já é possível fazer um balanço. Contra quem foi este golpe, a serviço de quem está a turma corrupta de Brasília. A terceirização irrestrita, reforma trabalhista, o congelamento dos investimentos do Estado, 15 milhões de desempregados e desempregadas são a face deste golpe. É preciso ainda denunciar a criminalização das lutas, das lideranças populares, da política.
Mas esta é também uma caravana que anuncia que outro projeto de país é possível. Não existe um único caminho como tenta ditar o governo ilegítimo. É possível a inclusão social, o orçamento e todos os serviços públicos a serviço do povo. É possível um Estado que não esteja a serviço do rentismo, do capital financeiro internacional e de suas multinacionais. É possível que nossas riquezas sirvam ao bem comum e não aos interesses privados.
A caravana que começou vermelha, verde, amarela, azul, rosa e com todos os rostos do povo tem esta tarefa. Precisa ter o caráter da denúncia e o compromisso do anúncio de um projeto popular, de outro Brasil possível. Precisa ter o projeto popular como estratégia, e não parar no debate eleitoral, que é tático. Fazer deste processo, um aglutinador de forças para impedir a continuidade do golpe que, como nos lembra a professora Nilma Lino, é um golpe de classe, de raça e de gênero. Estamos na estrada, neste desafio coletivo!
* Beatriz Cerqueira é Presidenta da CUT/MG
Edição: Luiz Felipe Albuquerque