Acredito que todos tenham acompanhado o que aconteceu com a Seleção Brasileira de Futebol Feminino nesses últimos dias. Emily Lima foi demitida do comando técnico da equipe depois de apenas treze partidas (sete vitórias, um empate e cinco derrotas), apesar de todos os protestos das jogadoras. O escolhido pela CBF (pasmem) foi Oswaldo Alvarez, o Vadão, técnico da Seleção nos Jogos Olímpicos, e demitido logo depois das competições no Rio de Janeiro. Diante desse cenário que beira o surrealismo, Emily Lima se posicionou e acusou o Coordenador de Futebol Feminino da CBF, Marco Aurélio Cunha, de nunca ter apoiado seu trabalho e de ter tramado a sua demissão quando voltava para o país depois de amistosos contra a Austrália. Ao mesmo tempo, Cristiane, Fran e Rosane usaram as redes sociais para comunicar a sua insatisfação e a aposentadoria da Seleção Brasileira.
Todo esse processo se arrasta há muito tempo. É preciso falar a verdade e aceitar que o futebol feminino nunca foi bem aceito por aqui. Seja por machismo, preconceito ou má vontade, a modalidade ainda encontra dificuldades enormes para se firmar por aqui. E não é por falta de adeptos. As meninas que sonham em se tornar a nova Marta, a nova Sissi ou a nova Formiga aparecem aos montes nos campinhos de terra espalhados pelo Brasil. A CBF tenta impor um modelo completamente ultrapassado depois de demitir uma treinadora que organizou todo o calendário de 2017 da Seleção Feminina enquanto o seu coordenador (que deveria ser o responsável por isso) fazia Deus sabe o quê nos bastidores.
Mas, se a CBF e os clubes não têm boa vontade, o mesmo também pode se falar da imprensa esportiva. Certa vez, uma amiga minha perguntou a um ex-jogador de um clube muito famoso no Brasil o que faltava para o futebol feminino decolar. E ele respondeu sem delongas: “Títulos!”. Mas como exigir resultados se você não dá condições e trabalho? Como exigir vitórias se você trata tudo como um fardo pesado e só dá atenção nas competições importantes? E como tornar a modalidade atraente para o público se a imprensa ainda trata o futebol feminino como nota de rodapé nos principais jornais? Tá puxado viu?
Mais do que nunca, é preciso ter respeito com as nossas meninas e com quem trabalha dia e noite para colocá-las em campo apesar de todas as dificuldades. Olhar o futebol feminino com mais cuidado, mais atenção e mais boa vontade é uma tarefa imprescindível e urgente. Antes que o respeito acabe de vez e voltemos à estaca zero aqui no Brasil.
Grande abraço e #RespeitoPeloFutebolFeminino.
Edição: Mariana Pitasse