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Todo cuidado é pouco: comandante do Exército isenta transgressor e ainda elogia 1964

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Comandante do Exército brasileiro, Eduardo Villas Bôas defendeu a quebra da ordem constitucional ocorrida em abril de 1964
Comandante do Exército brasileiro, Eduardo Villas Bôas defendeu a quebra da ordem constitucional ocorrida em abril de 1964 - Divulgação
Eduardo Villas Bôas descartou qualquer punição ao general da ativa Mourão

Em entrevista na TV Globo, o comandante do Exército brasileiro, Eduardo Villas Bôas descartou qualquer punição ao general da ativa Antonio Hamilton Mourão, por ele ter sugerido a intervenção militar no Brasil. E ainda por cima defendeu a quebra da ordem constitucional ocorrida em abril de 1964 e chegou até a elogiar o regime implantado e que durou 21  anos.

O comandante fez elogios também ao general Mourão, que não escondeu o seu entusiasmo com o golpe empresarial militar que implantou uma ditadura de 21 anos. É lamentável que um comandante do Exército venha a público justificar o que ocorreu no Brasil há 53 anos. É também lamentável o elogio a um colega que transgrediu a hierarquia ao afirmar o que afirmou o Mourão-2017.

Na escala do lamentável também deve ser mencionado o fato do entrevistador Pedro Bial não perguntar o que Villas Bôas teria a dizer sobre os exercícios militares conjuntos do Brasil, Estados Unidos, Colômbia e Peru a serem realizados na Região Amazônica nas próximas semanas e ainda por cima em área perto da fronteira com a Venezuela. E, segundo denuncias, o governo brasileiro simplesmente aceitou sem pestanejar uma imposição do Comando Sul estadunidense.

Soma-se a isso o fato do golpista Michel Temer ter participado de um rango indigesto com o tresloucado Donald Trump em que o cardápio principal foi a Venezuela, e aí se reforça a pergunta que deveria e deve ainda ser feita ao comandante Villas Bôas sobre os exercícios militares conjuntos.

As declarações de Villas Bôas em pleno 2017 são preocupantes e, por isso, todo cuidado é pouco para que a na história brasileira não se repita como farsa o que aconteceu em abril de 1964, mesmo se sabendo que nos dias atuais o esquema é outro, ou seja, os militares foram substituídos por novos parceiros na deflagração de um golpe de estado.

E não adianta a Globo fazer autocrítica por ter apoiado o regime de força implantado em abril de 1964 e repetir a dose em 2016. Da mesma forma que não adianta o comandante do Exército falar em legalidade, não explicando melhor o contexto, e ao mesmo tempo declarar publicamente a não punição de um transgressor. Isso, claro, para não falar sobre os elogios rasgados ao período em que o país atravessou a longa noite escura.

Como se pode observar para o Brasil viver novos tempos fica cada vez mais difícil enquanto prevalecerem na cúpula (imposta), seja civil ou militar, figuras como Temer, o próprio Villas Bôas, para não falar de Eliseu Padilha, Moreira Franco e outros do gênero.

Não se pode ignorar também que o Departamento de Estado norte-americano defende que as Forças Armadas sejam transformadas em forças policiais, como tem acontecido nos últimos tempos. Aproveitam a falência do Estado, como acontece no Rio de Janeiro, para enganarem incautos que acham que a presença militar dá segurança.  E colocam um político que ocupa o Ministério da Defesa, e pensa que manda algo, para falar sobre o tema. Mas ninguém lembra o posicionamento do Departamento de Estado norte-americano. É claro que o entrevistador Bial não perguntou sobre o tema, o que seria surpreendente em se tratando de TV Globo.

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