No último final de semana os confrontos entre facções criminosas levaram pânico aos moradores das comunidades cariocas da Rocinha e da Babilônia. A disputa por pontos de vendas de drogas foi o principal motivo da ofensiva do tráfico que deixou mortos e feridos.
O Brasil de Fato conversou com um morador da Babilônia para saber o que ocorreu na comunidade. Por questão de segurança, o jornal vai manter a fonte sob sigilo. O morador conta que de domingo (17) até terça-feira (19) quatro jovens morreram. Segundo ele, dois foram mortos pela polícia e outros dois pela facção rival do Chapéu Mangueira, situada ao lado da Babilônia.
“O confronto é entre duas facções rivais e eles estavam tentando negociar entre si um cessar fogo. E isso ocorreu depois de um evento em que o cessar fogo funcionou muito bem, foi bom para os dois lados. Então houve uma traição e atearam fogo em dois garotos que desceram desarmados para negociar e aí começou uma guerra, porque configurou como uma traição. E eram dois garotos que cresceram na comunidade e isso foi difícil para a gente”, afirma o morador.
Na Rocinha, o tiroteio entre os traficantes durou cinco horas e deixou dois mortos e cinco feridos. Apesar dos acontecimentos nas comunidades dos bairros de São Conrado e do Leme serem distintos, ambos evidenciam a fragilidade do atual sistema de Segurança Pública do Estado do Rio. Para o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e sociólogo, Ignácio Cano, a crise do estado favorece a retomada de territórios pelo tráfico de drogas.
“De forma geral, no Rio de Janeiro há muitos anos que nós convivemos com disputa territorial de organizações criminosas. Parte do sucesso da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) era a entrada permanente da polícia no local que desincentivava a tentativa por parte de uma facção ou outra. Mas com a crise da segurança e o enfraquecimento das UPPs, em muitas comunidades a gente assiste agora a tentativa de retomada mesmo com a UPP dentro”, destaca o professor.
O governador Luiz Fernando Pezão afirmou na quarta-feira (20) que sabia da ação dos mais de 100 traficantes na Rocinha, mas que impediu a ação das forças de segurança para preservar inocentes que estavam na comunidade e também o público que acompanhava o festival Rock in Rio.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Segurança para saber as medidas que estão sendo tomadas para evitar novos confrontos, porém, até o fechamento desta edição não houve resposta.
Edição: Vivian Verissimo