Presente em várias regiões do Brasil, a lenda do boi é um convite para brincar e conhecer a história
Uma vez, numa fazenda, a jovem Catirina sentiu desejo de comer um boi.
Então, Pai Francisco resolveu dar cabo de um desses animais para saciar o desejo da esposa.
Ahhh, mas o dono da fazenda não gostou nadinha e foi buscar pai Francisco para mandar prender.
Ele também exigiu que um pajé desse um jeito de ressuscitar o tal do boi.
E não é que deu certo?! O Pajé fez a sua pajelança e o boi ressuscitou.
Ehhh boi: Boi-Bumbá, Bumba Meu Boi, Boi Pintadinho, Boi de mamão.
Os nomes e as lendas que narram essa manifestação cultural pode variar dependendo do Estado. A festa folclórica é considerada uma das mais tradicionais do Brasil.
A manifestação cultural une elementos da tradição africana, indígena e europeia e é considerada patrimônio cultural brasileiro. No festejo do boi, a lenda é encenada de forma dramática e ao mesmo tempo bem-humorada, com músicas, danças e trajes cheios de cor.
Em Belém, no Pará, por exemplo, existem diversos grupos de Boi-Bumbá, que nasceram nas periferias da cidade, como é o caso do Boi-Bumbá Luar do Marco.
Nilson Rodrigues, coordenador, conta que o grupo nasceu há 15 anos, a partir de uma brincadeira de pessoas da rua onde ele mora. Mas foi a avó dele a maior influenciadora. "A minha avó contava muitas histórias do boi, tem um ano e meio que ela faleceu, então ela me ensinou muitas coisas, absorvi e estou repassando para os brincantes agora", conta.
Na maioria das regiões, os festejos do boi geralmente acontecem no mês de junho e são associados as festas juninas. Os brincantes do grupo Encantos do Sol, outro grupo da periferia de Belém seguem a toada de boi-bumbá com inspiração no estado do Amazonas, mais especificamente, de Parintins, cidade que abriga a tradicional disputa entre os bois Caprichoso e Garantido.
Nazaré Costa, de 31 anos, integra o grupo há sete anos e declara seu amor pela expressão:
"Desde o ano de 2000 que eu danço. Dei uma parada apenas quando tive as minhas filhas e hoje voltei porque amo. Amo a toada, é um mundo mágico, muito bonito.", relata a brincante.
Em sua Missão de Pesquisas Folclóricas, o poeta modernista, Mário de Andrade registrou a tradição do boi em várias cidades do norte e nordeste, em 1938. Boi de reis, boi de jacá, boi de mourão, em várias regiões do Brasil o boi te convida para brincar e conhecer a história. Ehhh boi!
Edição: Camila Salmazio