Em seu segundo depoimento ao juiz Sergio Moro, nesta quarta (13), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou a imparcialidade do magistrado responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba. No encerramento da sessão, realizada na capital paranaense, o petista dirigiu a pergunta de forma direta ao juiz:
"Eu vou terminar fazendo uma pergunta. Amanhã, eu vou chegar em casa e vou almoçar com oito netos e com uma bisneta. Eu posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que eu vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial? Eu vou continuar esperando que a Justiça faça justiça nesse país”.
Moro se limitou a dizer que “sim”.
Lula replicou, afirmando que não foi tratado com isenção em sua condenação por Moro em outro processo.
O novo encontro entre os dois ocorreu após a condenação no caso do tríplex da construtura OAS, no Guarujá. A defesa do ex-presidente argumenta que a sentença não foi baseada em provas.
O depoimento desta quarta se refere ao processo no qual o Ministério Público Federal acusa Lula de ter recebido dois imóveis da construtura Odebrecht, em troca de favorecimentos à empreiteira em oito contratos com a Petrobras.
Os imóveis seriam um apartamento em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo, e um terreno para seu instituto, na capital.
Durante a acareação com Moro, o ex-presidente fez referências ao depoimento de Antonio Palocci na última semana, considerado uma sinalização da intenção dele de fechar um acordo de delação premiada. Para Lula, Palocci mentiu: "Ele está preso há mais de um ano. Ele tem direito querer ser livre. Mas se você não quer assumir a sua responsabilidade pelos atos ilícitos que você fez, não jogue em cima dos outros. O Ministério Público, ligado à Lava Jato, enveredou por um caminho que vocês estão com dificuldade de sair. O objetivo é encontrar alguém para me criminalizar”.
Lula ainda disse que os integrantes da Força Tarefa da Lava Jato são “reféns da imprensa”, o que os levaria a tomar atitudes controversas, e mencionou a polêmica envolvendo a Procuradoria-Geral da República e a delação da JBS.
Novamente, Moro se limitou a dizer que não tem relação com “com Janot ou Brasília”.
Edição: Vanessa Martina Silva