Entre 20 e 23 de setembro, um dos maiores eventos nacionais de incentivo à agroecologia e ao plantio sem veneno acontece no município da Lapa, região sul do Paraná. A 16ª edição da Jornada de Agroecologia espera receber três mil pessoas durante os quatro dias de atividades, todas gratuitas e abertas ao público.
Neste ano, a Jornada homenageia o trabalhador rural sem-terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno, assassinado há dez anos. Ele foi morto em 21 de outubro de 2007 por uma milícia armada, em um esquema organizado pela transnacional Syngenta Seeds e outros grupos ligados ao agronegócio. “O Keno é um companheiro que tombou na luta direta contra os grandes latifundiários”, explica Ceres Hadich, da coordenação do evento.
Promovida por organizações e movimentos sociais do meio rural e urbano, além de técnicos, pesquisadores, estudantes e professores, tem o objetivo de dar vida e força a outros modelos de plantio, na contramão do agronegócio. “A jornada é um espaço amplo de relações entre quem produz agroecologia e quem defende e quer construir esse projeto para a agricultura”, explica a coordenadora. “Os quatro dias juntos garantem aos participantes uma ampla troca de experiências e de conhecimento”.
Programação
Entre as atividades, os seminários temáticos da tarde de sexta-feira, 22, trazem o debate das sementes agroecológicas, economia solidária, educação do campo, dentre outros. Na quinta-feira, o dia todo é voltado ao intercâmbio e a oficinas nas comunidades da região, conhecidas pelas experiências na agroecologia.
Ao longo dos quatro dias, uma feira vai expor a produção agroecológica e artesanato. Todas as noites, uma programação de atividades culturais promete movimentar o evento. Na sexta, o destaque é o bailão camponês.
15 anos de história
A Jornada de Agroecologia surgiu em 2002 e foi realizada pela primeira vez em Ponta Grossa, no Paraná. Foi uma ação inédita, popular e de caráter massivo, com a missão da denúncia sobre a realidade do agronegócio. Também surgiu para fortalecer e partilhar experiências camponesas e agroecológicas. “Desde então mantemos o caráter de construir uma Jornada gratuita e aberta ao público. A agroecologia é parte de um projeto de sociedade, não envolve somente quem está no campo produzindo alimentos”, destaca Ceres Hadich.
Edição: Ednubia Ghisi