Integrante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração responde pergunta do ouvinte
A decisão tomada pelo presidente golpista, Michel Temer, no último dia 23, em extinguir uma enorme reserva ambiental na Amazônia gerou indignação entre ambientalistas e a sociedade como um todo. A chamada Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), que tem 4 milhões de hectares e se localiza entre os estados do Pará e o Amapá, passaria, a partir deste decreto, a ser explorada por mineração e empresas estrangeiras.
Em menos de uma semana, Temer chegou a revogar a decisão e propor um novo texto, porém, as alterações feitas não modificam o impacto que a decisão inicial terá na região amazônica.
No quadro Fala Aí desta semana, nosso ouvinte questiona as consequências desta determinação. A resposta é de Jarbas Vieira, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM):
"Oi Marcos, aqui quem tá falando é o Jarbas Vieira, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração, o MAM, que é da Via Campesina Brasil. Primeiro a gente tem que entender que a Amazônia brasileira é um local de disputa pela água, pela biodiversidade, pelos recursos minerais que existem na região. E não podemos esquecer que já existe atualmente diversas minerações, inclusive, mineração ilegal nas fronteiras.
Então, já existe um conflito resistente entre a mineração e a população que vive na Amazônia. Na semana passada, quando o governo Temer extingue a Reserva Nacional de Cobre e Associados, que é a Renca, que tem equivalente a 46.500 quilômetros quadrados, o que compreende mais ou menos ao tamanho do Espírito Santo, imagina uma região deste tamanho com um buraco onde a Amazônia brasileira é responsável pelo mínimo controle climático que existe hoje no Brasil e no mundo?
Mas para além das questões climáticas ambientais, a gente não pode esquecer do subsolo que tá colocado para fora né, que isso foi uma medida do governo Temer de entrega dos nossos bens minerais.
O que vai ficar pra nós: conflitos nos território com as populações que estão no local, perda da nossa soberania nacional e do direito do povo dizer "o quê, como e quando" que vai ter aquela utilização daquele solo ou daquele subsolo e o mais grave que é a entrega dos nossos bens minerais, que vai embora pra fora e a gente vai comprar depois um produto manufaturado pagando 10, 15 vezes mais."
Edição: Camila Salmazio