Um ano depois de ser afastada da Presidência da República, Dilma Rousseff considera que o golpe de Estado instaurado no Brasil desde o seu impeachment está se aprofundando em diferentes etapas. Em discurso feito durante uma hora e meia no debate “Dilma: o Brasil um ano depois do golpe”, no Rio de Janeiro, a presidente eleita falou que o ano de 2018 não está definido e será definitivo para saber se o golpe continua no país.
“Em 2018 está em disputa se o golpe se reproduz ou se o golpe se contém. Se tem mecanismo de intervenção que o barrem ou se continua. Isso é um processo importantíssimo. Tudo o que está em questão é o que vem depois, o que nós faremos depois, o que nós construiremos depois. Só tenho uma única certeza: só pode ser feito com a participação do povo brasileiro”, afirmou.
Em seu discurso, Dilma ainda falou que um dos principais efeitos do golpe é o surgimento de uma extrema direita, perigosa para a manutenção da democracia no país.
“Duas obras primas do golpe foi o surgimento da extrema direita, da intolerância e da inconsequência absoluta do ponto de vista político da candidatura do Bolsonaro. A extrema direita é um produto direto desse golpe. O outro ponto é a destruição do PSDB. Isso significa que a outra possibilidade não é fruto deles, mas um outro tipo de política que é a do eficiente gestor apolítico. Isso não é solução e leva necessariamente a olhar para o presidente Lula que é muito bom que seja condenado em segunda instância”, disse.
Dilma falou durante o debate que aconteceu nesta quinta-feira, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa, a ABI, no Rio. O público lotou o espaço para escutar seu discurso e recebeu Dilma de forma calorosa. Durante seu discurso, a presidente falou também sobre a importância do evento.
“Queria agradecer e dizer a vocês que para mim é importante estar no dia 31 de agosto de 2017, um ano depois da cerimônia que tirou da presidência da república a primeira mulher eleita pelo voto direto de 54 milhões de brasileiros. A maior votação recebida em termos absolutos recebida até então no Brasil”, disse.
O evento foi organizado pelo mandato do deputado Wadih Damous e pelo jornal Brasil de Fato, como parte das comemorações de quatro anos de circulação do tabloide pelas ruas do Rio de Janeiro. Dilma finalizou seu discurso destacando a importância do jornal Brasil de Fato na atual conjuntura.
“Quero saudar o pessoal do MST e do Brasil de Fato, que tem sido fundamental. Eu leio, quero avisar a vocês”, concluiu.
Na mesa do debate, além de Dilma, estavam também Joaquín Pinheiro, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra , o MST, os deputados federais do PT Wadih Damous e Luiz Sérgio, o deputado estadual Gilberto Palmares, o senador Lindbergh Farias. E a deputada federal do PCdoB, Jandira Feghali.
Edição: Raquel Júnia