Quem anda pelas ruas do Rio de Janeiro, principalmente pela região central, pode reparar o crescimento do número de vendedores ambulantes, camelôs e flanelinhas. O vendedor ambulante Rafael de Almeida Moreira, de 18 anos, que trabalha colocando películas para celulares no centro do Rio, está inserido nesse grupo. Rafael, que já trabalhou como pintor e vendedor em uma loja, teve que montar sua barraquinha para conseguir sobreviver.
“Estou trabalhando com isso vai fazer quatro meses porque o desemprego está grande. Não tive outras oportunidades e não tenho como ficar sem trabalhar. Eu moro sozinho e preciso muito de ganhar meu dinheiro”, afirma.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, a PNAD contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o último trimestre deste ano, que vai de abril a junho, registrou a maior taxa de desemprego dos últimos cinco anos na região metropolitana do Rio.
Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Sicsú, com o cenário de aumento do desemprego, as condições oferecidas pelos empregadores são rebaixadas e o trabalhador acaba tendo que aceitar não ter férias, 13º salário e FGTS. Segundo o economista, o aumento da informalidade está diretamente relacionado ao aumento do desemprego.
“Também se vê muitos miseráveis perambulando pelas ruas e o crescimento dos trabalhadores por conta própria, os que fazem bico, porque não conseguiram nem a vaga formal e nem a informal. Quando se tem muito desemprego, a qualidade geral do trabalho cai muito”, explica.
João Sicsú acrescenta que o quadro é ainda mais crítico porque os governos federal, estadual e municipal não estão trabalhando para melhorar o cenário. Para ele, a redução de programas sociais, como o Bolsa Família, por exemplo, acaba impactando no consumo das famílias e deixando de movimentar a economia.
Para aqueles que se mantém empregados, os salários apresentaram queda neste trimestre. Ainda de acordo com a PNAD, o período de abril a junho deste ano, apresentou o menor rendimento médio mensal desde 2015 na região metropolitana do Rio.
Edição: Raquel Júnia