O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou sua inocência e disse que não vai “morrer antes de voltar a ser presidente do Brasil”. O discurso foi feito durante sua participação no Ato pela Reconstrução do Estado Democrático de Direito, na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na última sexta-feira (11). A data foi escolhida por ser a comemoração da criação dos cursos jurídicos no Brasil.
Em sua fala, Lula afirmou ser vítima de perseguição e fez críticas ao juiz Sérgio Moro. “Eles decidiram que o PT é uma organização criminosa e identificaram o Lula como seu principal líder. Por isso, querem me pegar de qualquer jeito, mas ainda não provaram nada. Que direito tem um juiz e o Ministério Público de contar uma mentira dizendo que roubei?”, questionou.
Lula ainda afirmou que quando voltar à Presidência vai trabalhar pela democratização dos meios de comunicação. “Esse foi o nosso maior erro. Nos últimos meses, eu tenho mais de 20 horas de jornal nacional, sem contar os outros jornais e revistas. Todos eles colocam Lula como inimigo ‘número um’ da humanidade. Através da mídia eles manipulam a opinião pública e esse é um crime muito grave contra o processo democrático”, disse.
Também presente no ato, a presidenta eleita Dilma Rousseff falou que a perseguição ao ex-presidente é mais uma etapa do golpe de Estado instaurado no Brasil desde o seu impeachment, em agosto do ano passado.
“Primeiro me afastaram, e agora querem minar a candidatura do maior representante do povo brasileiro, o presidente Lula. Mas tenho certeza de que tudo isso que está acontecendo se dá pelos nossos acertos e não pelos nosso erros. Estamos sendo julgados por essa elite que não aceita os pequenos ganhos que a população mais pobre teve nos últimos anos”, afirmou. Ao final do discurso, Dilma recebeu uma chuva de rosas vermelhas do público.
Futuro
O ato aconteceu logo depois do lançamento do livro "Comentários a uma sentença anunciada. O processo Lula". A publicação reúne artigos de 122 renomados juristas brasileiros, que apontam as arbitrariedades e equívocos jurídicos encontrados na sentença determinada por Moro ao ex-presidente.
O público que acompanhou o ato esperou mais de duas horas para entrar no auditório da Faculdade de Direito. A fila começou no saguão e dobrou o quarteirão da rua Moncorvo Filho, no Centro. Com o início do ato, centenas de pessoas lotaram o auditório. Outras que não couberam no local assistiram as falas por meio de um telão.
“A gente tem que lutar com todas as forças contra o golpe que se aprofunda a cada dia que passa com medidas arbitrárias, autoritárias, antidemocráticas. Acho que deveriam estar aqui e se manifestando nas ruas todos que lutam por um país mais justo e mais igual”, disse a professora da rede estadual, Maria Solange Bastos.
Edição: Simone Freire