Na última terça-feira, 25 de julho, foi celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha e o nacionalmente o Dia de Tereza de Benguela, mulher negra que liderou um dos quilombos, no século XVII, no Centro-Oeste do país. Dia de lembrar nossas heroínas negras, a importância das mulheres negras na construção da sociedade brasileira, na América Latina e no Caribe, do seu papel nas diversas conquistas que impactam as vidas das pessoas todos os dias. Dia também de não esquecer os desafios a serem vencidos, como o racismo e o machismo, e dia de levantar as demandas que não podem ser esquecidas, que violam os direitos já conquistados, e a luta pela efetivação de outros direitos.
“É importante [a data] para que a sociedade no geral e as mulheres negras, principalmente, possam incorporar essa agenda que é definida por nós mulheres negras, a partir da nossa forma de pensar e agir e fazer político”, explica Piedade Marques, da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, organização que montou o “Julho das Pretas”, com uma programação durante todo o mês para celebrar, mas também refletir a data. “O Julho das Pretas é uma ação que a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, e que a gente compõe a coordenação, definiu de forma conjunta em todos os estados do Nordeste, que além de falar o sobre o dia internacional, é refletir sobre a nossa situação na atual conjuntura”, explica Piedade.
Uma das atividades realizadas pela rede foi o Debate Publico “Contra o racismo e pela democracia: mulheres negras em luta por seus direitos”, que aconteceu no dia 25 de julho, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Informática, Processamento de Dados e Tecnologia da Informação (SINDPD), na Boa Vista e foi aberta ao público. A atividade contou com uma análise de conjuntura que provocou um debate sobre o atual momento político e a elação dele com a vida das mulheres negras. “Um resgate da construção histórica e política, mas também a como a situação atual rebate nas nossas vidas. A gente tem plena convicção de que o racismo é uma das questões importantes no debate da democracia, e nesse momento em que a população como um todo está perdendo direitos, é refletir sobre isso. Até porque parte dos direitos ainda não estavam consolidados”, explica Piedade.
A Rede de Mulheres Negras de Pernambuco realizou ao longo do mês atividades no Recife e no interior do estado, como nas cidades de Garanhuns e Petrolina. “Importante reforçar que a luta é nossa e construída por nós. O dia 25 de julho se estabeleceu como dia pelas mulheres negras latinoamericanas e caribenhas a partir de nossa ação. A gente que define o que a gente politicamente quer. E isso é algo que a gente não abre mão, do nosso protagonismo que é importante de ser reafirmado”, reafirma Piedade.
Edição: Monyse Ravena