Com a lógica de convivência com o semiárido, camponeses garantem segurança alimentar e preservação do meio ambiente
“Laranja, goiaba, maracujá, caju, pinha, manga, tem limão. Importante porque não tem veneno, não precisa comprar cidade tem aqui mesmo.”
Toda essa fartura está no quintal da agricultora Francisca da Silva Souza, 48 anos, no Sítio Barra, zona rural de Remanso, no semiárido baiano. Apesar de toda essa diversidade, ela conta que a produção está pequena porque esse período tem sido de seca, com poucas chuvas.
A água que Francisca usa para regar os alimentos vem de uma cisterna de 52 mil litros, conquistada pela família a partir da ação de organizações que fazem parte da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).
A cisterna guarda a água dos períodos de chuva para ser utilizada na época de estiagem. Com os alimentos que produz, Francisca prepara as refeições de toda a família.
Comida fresca e sem veneno são uma realidade para a família da agricultora por meio de práticas que permitem a convivência com a região semiárida.
O agricultor João Cícero Justiniano Souza, 50 anos, marido de Francisca, conta que percebeu a importância de aderir a essa experiência, quando começou a participar de momentos de formação com outros agricultores.
“A partir de participar dos movimentos eu fui aprendendo que a gente tem que aprender a conviver. É plantar plantas forrageiras é trabalhar na terra da maneira certa. É criar da maneira certa. Preparar a ração no tempo certo para no tempo apertado ter. E sempre costumo dizer que os trabalhos que faço pra mim e desejando que os outros também façam também no futuro. A gente que é sertanejo tem que ser sertanejo e não sertanejo com olho de capital lá não sei da onde.”
Cícero e Francisca compartilharam a experiência deles com os participantes da Caravana Agroecológica no Semiárido Baiano, que ocorreu em junho.
A história de Francisca e Cícero ajudou a reforçar a importância da agroecologia como estratégia de convivência com o semiárido e também como promotora da segurança alimentar e da preservação do meio ambiente.
“Coitado do vendedor de tomate se dependesse de nós ele não ganhava um centavo. Tem um feijão que é produzido não é usado veneno, é aqui da comunidade. Tem a carne do bode, tem o carneiro, tem a galinha, tem o pato., a farinha, tem o mel que quando produz a gente se alimenta, tem o leite da cabra."
O semiárido brasileiro tem passado por um grande período de estiagem nos últimos seis anos. A experiência de Francisca e Cícero mostra que com práticas contextualizadas é possível conviver com a região, tendo a agroecologia como uma das estratégias.
Edição: Camila Maciel