Pimp My Carroça transforma a vida destas pessoas por meio dos seus instrumentos de trabalho: as carroças
O verbo ‘pimpar’ não existe na língua portuguesa, mas se popularizou no meio dos catadores e catadoras de materiais recicláveis pelo Brasil afora com Pimp My Carroça. O projeto nasceu há cinco anos e transforma a vida destas pessoas por meio dos seus instrumentos de trabalho: as carroças.
Cacilda Aparecida de Souza, de 38 anos, é catadora desde pequena, quando já acompanhava o padrasto nas ruas de Ourinhos, cidade do interior paulista. Apelidada de Rainha da Sucata, ela participa não esconde a alegria ao contar como foi participar do projeto.
“Para os catadores é super importante. Todo catador quer ter o carrinho bonito, na verdade. A gente tem o maior orgulho da carroça da gente, porque é o nosso ganha pão. O meu carrinho não tinha nem tinta, eu comprei ele, ele era sem cor, todo horrível mesmo. E eu nem ia ter condição de arrumar ele igual eles. O artista que veio deixou meu carrinho lindo então onde eu passo as pessoas já pensam diferente. E até respeitam mais. Param, perguntam quem pintou, dão parabéns. Muito bom!”, conta Cacilda.
Inspirado no nome do programa de televisão americana chamado Pimp My Ride, onde se restauravam automóveis em péssimas condições, na versão brasileira, e de rua, o Pimp My Carroça tem o objetivo tirar da invisibilidade os catadores e catadoras.
As carroças são ‘pimpadas’ com pinturas personalizadas e instalação de itens de segurança. Tudo começou quando o grafiteiro Mundano, após anos trabalhando sozinho, entendeu que precisava de mais pessoas engajadas neste desafio.
“Eu busco com a minha arte sim, buscar reflexões, gerar um legado positivo para explodir a bolha em que as pessoas vivem. E com os catadores e as carroças foi uma junção muito certa porque eu consigo amplificar a voz do que os catadores estão querendo dizer, buscando reconhecimento, espaço, o direito à cidade, através de graffitis que circulam pela cidade expressando tudo isso. Estes sentimentos e essa vontade de mudança”, explica.
O balanço para cinco anos de atividades do Pimp My Carroça é de grande orgulho para o time envolvido. Mais de 800 grafiteiros e artistas participantes, quase três mil voluntários nas ações, 42 cidades impactadas em 12 países e mais de 840 catadores atendidos com suas carroças ‘pimpadas’.
O desafio do projeto em valorizar a atividade dos catadores é grande, considerando que o brasileiro produz por ano 400 quilos de material de resíduos sólidos e que apenas doze quilos serão efetivamente reciclados, onze deles coletados por catadores.
Edição: Anelize Moreira