Moradores atingidos pela Barragem de Fundão, na região do município de Mariana (MG), ocuparam a rodovia MG 129 na madrugada desta sexta-feira (14), e, por volta das 8h, se dirigiram até a porta da mineradora da Samarco. Eles protestam contra a mineradora Samarco (Vale e BHP), pois estão há um ano e oito meses sem projeto definitivo de reassentamento das casas devastadas pela lama gerada pelo rompimento da barragem na tragédia ocorrida em novembro de 2015.
"Decidimos vir para cá e dar nosso recado para a Samarco. Vinte meses depois do crime, ainda não temos casa, e a Samarco continua negando nossos direitos. Não vamos ficar parados enquanto esperamos a boa vontade da mineradora em resolver um problema que ela mesma criou", afirma Marta Peixoto Mól , uma das moradoras da comunidade de Paracatu de Baixo.
"Vamos lutar pelo o que é nosso até o fim, mesmo que a empresa queira nos cansar", diz Maria do Carmo, atingida, militante do MAB, e moradora da comunidade de Paracatu de Cima.
As famílias que participaram do protesto fazem parte do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e vivem nos distritos de Bento Rodrigues, Pedras, Paracatu, Campinas e Ponte do Gama.
Segundo o MAB, os atingidos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira (pertencente a Barra Longa), vivem na incerteza sobre a destinação dos terrenos que eles escolheram para construção das novas comunidades. O terreno da nova comunidade de Bento Rodrigues está passando por debates técnicos em relação à possibilidade de acomodação da nova comunidade. Já a área escolhida para alocação do distrito de Paracatu de Baixo ainda não foi completamente adquirido pela empresa.
A reportagem contactou a Samarco, que direcionou o pedido de resposta à Fundação Renova, que foi criada para reparar os impactos socioambientais e socioeconômicos causados pelo rompimento da barragem de Fundão.
Segundo o órgão, "os processos de reassentamento, desenhados em conjunto com as comunidades impactadas e seus assessores técnicos, definidos pelo Ministério Público, estão em curso e em constante alinhamento com os órgãos responsáveis", detalhando o processo de cada ação. No caso de Bento Rodrigues e em Paracatu de Baixo, ambos em etapas iniciais, deste último ainda na compra do terreno onde será reassentada a comunidade, como já havia salientado o movimento.
*Com informações do Movimentos dos Atingidos por Barragens.
Edição: Vivian Fernandes