Se a Cúpula do G20 - encontro que reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Européia - for comparado a uma partida de futebol, pode-se dizer que os craques são a primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel, que sedia o evento em Hamburgo, o radical de direita e presidente dos EUA, Donald Trump, e o eterno presidente da Rússia, Vladimir Putin. O Brasil, que integra o G20, atualmente é um player que se vangloria de ser convocado para esquentar o banco.
Nessa partida, jogando em casa, Merkel é a arbitra que busca desesperadamente marcar um golaço diante do mundo e de seu público não errando em suas marcações. Ela tem prometido ao seu povo aumentar a geração de empregos e reduzir impostos. Se não bastasse isso, a chanceler tem que enfrentar os protestos da arquibancada. Merkel tenta dar um caráter de normalidade democrática enquanto protestos black bloc ocorrem contra o modelo capitalista e a crise climática no mundo. Nesta quinta-feira (6), manifestantes entraram em confronto com a polícia em Hamburgo, região altamente tecnológica, ocorrendo queima de carros e deixando quase cem feridos.
Já os presidentes dos EUA e da Rússia entram em campo para um duelo à parte, após trocarem caneladas por causa da Síria e na Ucrânia, bem como na suposta tentativa de Rússia interferir na eleição dos EUA. Ambos vão conversar em reunião à parte para discutir esses temas e, principalmente, a questão ambiental. Desde que assumiu, Trump tem lutado contra o atendimento às recomendações para preservação do clima.
Nesse jogo, o primeiro ministro do Canadá entrou em campo demonstrando preocupação. À Agência Reuters, ele cobrou o colega Trump.
"Nós diremos a ele que é importante assumir um papel de liderança na luta contra as mudanças climáticas e na criação de bons empregos", afirmou.
Brasil na série B
Nesse embate sobre a economia e o clima, o Brasil do presidente Michel Temer (PMDB) é mero coadjuvante. Atualmente, o país comemoraria ser convocado para ficar no banco de reservas de países mais desenvolvidos. Seria um jogador que tem como feito "esquentar banco" de Vidal, do Bayer de Monique.
Isso é reflexo de um atleta com baixo desempenho em campo desde o golpe. De acordo com o Fundo Monetário Mundial (FMI), apenas Alemanha (0.8) e Coréia do Sul (0.3) tiveram desempenho positivo para reduzir seu déficit. Já o Brasil tem saldo negativo de 9%, ficando atrás de México (-2,9) e Argentina (-5,8). O país só fica à frente da Arábia Saudita, com desempenho ruim em 16%. Esse número coloca o Brasil na Série B dos desenvolvidos.
Não bastasse isso, o país de Temer terá que explicar ao mundo o aumento de concessões de terras na Amazônia e a violência contra indígenas. Ao ceder à bancada ruralista, Temer já foi cobrado em recente viagem a Noruega, maior doador para o fundo amazônico.
"Nosso programa de doação é baseado em resultados: o dinheiro é repassado se o desmatamento é reduzido, e foi o que vimos nos últimos anos. Isso significa que, se o desmatamento está subindo, haverá menos dinheiro", alertou o ministro norueguês de Meio Ambiente, Vidar Helgese.
Edição: Ednubia Ghisi