Marcelo Crivella (PRB) completou seis meses como prefeito do Rio com muitas críticas sobre sua gestão. Entre elas, polêmicas ligadas ao corte de verbas para o Carnaval do próximo ano, não pagamento do fomento à cultura, proposta de aumento do IPTU e transferência do pagamento da primeira parcela do 13º salário dos servidores para o fim do ano.
No caso do Carnaval, Crivella anunciou no último mês o corte pela metade da verba que cada uma das 12 escolas de samba do grupo especial recebe para realizar seus desfiles. Segundo nota divulgada pela assessoria da prefeitura, o valor passará de R$ 2 milhões a R$ 1 milhão. A justificativa para o corte é a necessidade de aumentar o pagamento às creches privadas conveniadas à prefeitura.
Para o vereador Reimont (PT), o argumento não quer dizer nada. “Todo mundo concorda que as creches precisam de verba, mas ela pode ser coberta com a destinação legal de 25% do orçamento para a Educação ou o prefeito pode diminuir a verba de Publicidade, cobrar dos grandes sonegadores, entre outras possibilidades. O desfile precisa ser revisto, mas não desse jeito”, afirma.
Outra crítica a Crivella partiu da decisão de não pagar os R$ 25 milhões devidos aos artistas e produtores culturais selecionados pelo Programa de Fomento às Artes de 2016, apesar da promessa feita pelo prefeito no início do ano que garantiria o pagamento. O programa é um conjunto de editais culturais lançados todo ano pela Secretaria municipal de Cultura (SMC) e funciona como principal meio público de financiamento às artes no Rio.
De acordo com a assessoria de imprensa da SMC, a gestão anterior, de Eduardo Paes, não deixou previsto no orçamento deste ano recursos para esse pagamento. Em nota a assessoria disse que desde o ano passado a prefeitura vem sofrendo uma queda de arrecadação acentuada, algo que se agravou ainda mais este ano.
A vereadora Luciana Novaes (PT) afirma que o que mais a incomoda é como a cultura vem sendo tratada na cidade.“O que estamos vendo hoje é uma descontinuidade da política de cultura do município. Nunca se sabe se os pagamentos serão realizados com a mudança de governo. Sem contar que estamos falando, também, de movimentar a economia e de gerar empregos. Não há receita de superação da crise sem investir no que temos de melhor: o nosso povo!”, complementa.
Em paralelo, Crivella anunciou que a primeira parcela do 13º salário dos servidores municipais será paga no final do ano porque não há condições de pagar neste mês. Todos os anos, a parcela é paga em julho, mas dessa vez a prefeitura ainda não definiu datas. Outra medida polêmica planejada pelo prefeito é aumentar o IPTU a partir do próximo ano.
Na Câmara dos Vereadores, muitos políticos têm cobrado por transparência nas contas públicas e debate sobre as decisões tomadas por Crivella a portas fechadas. O vereador César Maia (DEM), ex-prefeito da cidade, reclamou em sua página no Facebook. “A prefeitura do Rio não tem nenhum problema financeiro. Semana passada mesmo deslocou para publicidade R$ 22 milhões. O prefeito está fazendo caixa para gastar a partir do segundo ano, com vistas a reeleição”, disse em um dos posts que critica a política de Crivella.
Reimont afirma que a postura do prefeito não é aberta ao diálogo. “Quer aumentar o IPTU, diz que não tem dinheiro para a Educação, a Cultura e os servidores, mas anuncia que fará construir um novo prédio para a Guarda Municipal e quer pagar uma gratificação extra para os membros do Conselho Gestor do novo Fundo Especial de Ordem Pública. O prefeito Crivella ainda precisa mostrar ao Rio a real situação do Rio e o seu plano de governo. Até agora, parece que ainda não assumiu a Prefeitura”, conclui.
Edição: Vivian Virissimo