Uma campanha internacional que pede a libertação da líder popular argentina Milagro Sala, lançada nesta segunda-feira (3), já reúne mais de 12 mil assinaturas. A petição online Liberen a Milagro exige que o presidente da Argentina, Mauricio Macri, cumpra uma resolução das Organizações das Nações Unidas (ONU), que ordena a liberação imediata da militante.
A iniciativa da campanha digital é do Comitê pela Liberdade de Milagro Sala, que reúne diversas organizações populares da Argentina.
A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) apoiou a causa. "Milagro, mulher, indígena. Presa política por lutar pelos direitos de sua comunidade", postou a ex-presidenta no Twitter.
Além de Dilma, outros brasileiros como o cantor Chico Buarque e o teólogo Leonardo Boff assinam a petição. A lista de personalidades que apoiam a campanha ainda conta com o fundador do WikiLeaks Julian Assange; Estela Carlotto, da organização das Avós da Plaza de Mayo; Lita Boitano, do movimento de Familiares de Presos e Desaparecidos por Razões Políticas; e centenas de jornalistas, atores, acadêmicos e dirigentes políticos.
A campanha também inclui uma série de atividades que ocorrerão esta semana em frente a tribunais argentinos, para exigir que o Supremo Tribunal ordene a libertação de Milagro. O lançamento da campanha acontece simultaneamente ao início do período de sessões extraordinárias da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em Lima, no Peru.
Quem é Milagro Sala?
Deputada do parlamento do Mercosul e uma das lideranças da organização Tupac Amaru, na província de Jujuy, no norte da Argentina, a indígena Milagro Sala tem 63 anos e está presa há mais de 500 dias.
Ela foi detida em um protesto contra cortes em programas sociais do governo no dia 16 de janeiro de 2016, pouco mais de um mês depois da posse de Macri. Além de Milagro, outros dez militantes também foram detidos na ocasião e permanecem presos.
Desde o protesto, a parlamentar do Mercosul permaneceu presa preventivamente por associação ilícita, supostos desvios de dinheiro público em cooperativas e por tentativa de homicídio.
Em agosto, ela fez uma greve de fome por cinco dias em protesto ao cerceamento de comunicação à que foi sancionada pelo Serviço Penitenciário provincial Carlos Morales.
Além da ONU, a CIDH e a Organização de Estados Americanos (OEA) também consideraram arbitrária a prisão da líder argentina, mas, até o momento, as resoluções foram ignoradas pelas autoridades governamentais, judiciais e legislativas do país.
Edição: José Eduardo Bernardes